ato público

Movimento alertará para mortes de crianças de rua em São Paulo

Em 2015, sete jovens em situação de rua foram assassinados na capital paulista. Ato público será realizado na sexta-feira (3)

EBC

Segundo o Projeto Travessia, crianças que estão em situação de rua fogem de casa em busca de ajuda

São Paulo – Sete crianças e adolescentes em situação de rua morreram em 2015, a maioria assassinada, mas não houve investigação e o Estado continuou omisso em relação à população de meninos e meninas que vivem no centro da capital paulista. Para denunciar o descaso, pelo menos 20 instituições, entre elas a Fundação Travessia, realizam ato na sexta-feira 3, a partir das 13h, no Vale do Anhangabaú.

Será a segunda manifestação de protesto da Rede Pelo Não Silenciamento de Vidas e Mortes. “Além de denunciar a omissão do Estado, que não garante os direitos dessas crianças previstos na lei [Estatuto da Criança e do Adolescente], queremos chamar a atenção da sociedade, que também é indiferente”, diz o educador social do Travessia, Marcus Vinicius Alves. “Para isso, vamos dar voz aos próprios meninos e meninas. Eles vão confeccionar cartazes que serão levados na marcha que faremos a partir das 14h, saindo do Vale, debaixo do Viaduto do Chá, em direção à Praça João Mendes, onde uma das crianças foi linchada até a morte”, informa.

Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o representante do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca) Ataíde França reforçou o caráter de denúncia da manifestação: “Resolvemos fazer o segundo ato para chamar a atenção do serviço público para que isso deixe de ser algo naturalizado e invisível. Essas crianças só são vistas quando cometem algum ato infracional”.

França destacou que essas crianças e adolescentes estão em busca de ajuda. “Atrás de cada garoto de rua há uma história. Eles saem da periferia e vão ao Centro em busca de melhores condições de vida, já que sofrem diversas formas de violência em casa: doméstica, sexual, envolvimento com tráfico de drogas etc. Em alguns casos, o menino em situação de rua é o mais saudável da família e a ida à rua é um grito de socorro.”

O integrante do Cedeca também reclama do silenciamento da mídia em relação aos assassinatos de garotos de rua. “Há um tratamento diferente (quando a violência atinge crianças e adolescentes de classes mais privilegiadas), ninguém fala dos meninos de rua”, diz o ativista, destacando o perfil dos menores vulneráveis, em geral negros e muito pobres.

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