Movimento alertará para mortes de crianças de rua em São Paulo
Em 2015, sete jovens em situação de rua foram assassinados na capital paulista. Ato público será realizado na sexta-feira (3)
Publicado 01/06/2016 - 13h32
São Paulo – Sete crianças e adolescentes em situação de rua morreram em 2015, a maioria assassinada, mas não houve investigação e o Estado continuou omisso em relação à população de meninos e meninas que vivem no centro da capital paulista. Para denunciar o descaso, pelo menos 20 instituições, entre elas a Fundação Travessia, realizam ato na sexta-feira 3, a partir das 13h, no Vale do Anhangabaú.
Será a segunda manifestação de protesto da Rede Pelo Não Silenciamento de Vidas e Mortes. “Além de denunciar a omissão do Estado, que não garante os direitos dessas crianças previstos na lei [Estatuto da Criança e do Adolescente], queremos chamar a atenção da sociedade, que também é indiferente”, diz o educador social do Travessia, Marcus Vinicius Alves. “Para isso, vamos dar voz aos próprios meninos e meninas. Eles vão confeccionar cartazes que serão levados na marcha que faremos a partir das 14h, saindo do Vale, debaixo do Viaduto do Chá, em direção à Praça João Mendes, onde uma das crianças foi linchada até a morte”, informa.
Em entrevista à Rádio Brasil Atual, o representante do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca) Ataíde França reforçou o caráter de denúncia da manifestação: “Resolvemos fazer o segundo ato para chamar a atenção do serviço público para que isso deixe de ser algo naturalizado e invisível. Essas crianças só são vistas quando cometem algum ato infracional”.
França destacou que essas crianças e adolescentes estão em busca de ajuda. “Atrás de cada garoto de rua há uma história. Eles saem da periferia e vão ao Centro em busca de melhores condições de vida, já que sofrem diversas formas de violência em casa: doméstica, sexual, envolvimento com tráfico de drogas etc. Em alguns casos, o menino em situação de rua é o mais saudável da família e a ida à rua é um grito de socorro.”
O integrante do Cedeca também reclama do silenciamento da mídia em relação aos assassinatos de garotos de rua. “Há um tratamento diferente (quando a violência atinge crianças e adolescentes de classes mais privilegiadas), ninguém fala dos meninos de rua”, diz o ativista, destacando o perfil dos menores vulneráveis, em geral negros e muito pobres.
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