‘O Estado não tem permissão para matar’, afirma militante do movimento negro
Em entrevista à TVT, Douglas Belchior comenta a ação da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo que assassinou um menino de 11 anos, após perseguição policial, no último sábado (25)
Publicado 28/06/2016 - 10h52
Amigos e familiares durante enterro do menino Waldick Gabriel Silva Chagas, de 11 anos, assassinado pela GCM
São Paulo – Para Douglas Belchior, militante do Movimento Negro e da Uneafro Brasil, as guardas municipais devem praticar ações comunitárias e não militares. Em entrevista à TVT, ele comenta a ação de integrantes da Guarda Civil Metropolitana de São Paulo, que no sábado (25) assassinaram um menino de 11 anos, após perseguição.
“A GCM ganhou poder de polícia em 2014, por uma ação do governo federal muito criticada pelos movimentos de direitos humanos. A gente não tem que fazer ações para militarizar as polícias municipais, ao contrário, nós temos que demonstrar nas gestões municipais que é possível uma polícia comunitária. Uma guarda que construa relações e raízes na comunidade, sem agir como a polícia”, afirma.
Belchior lembra que em nenhuma circunstância o Estado tem permissão para matar uma pessoa. “O Estado não pode ter permissão para assassinar em quaisquer circunstâncias. A gente cobra uma sociedade, onde as pessoas não se matem e o Estado tem que ser o primeiro promotor dos direitos humanos e não o primeiro violador, que é o que acontece, especialmente, no caso da polícia.”
Ele afirma que a polícia brasileira, além de agir a partir dos valores da truculência, trabalha na defesa do capital privado. “No Brasil não há pena de morte. O servidor público que tem como sua atribuição cuidar da sociedade, da segurança pública, não tem poder da vida de ninguém. Mais do que isso, normalmente, a polícia age e quando age assassinando pessoas, quase sempre ela está fazendo um trabalho de proteção do patrimônio privado. A vida tem valido muito menos do que um automóvel.”
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