Jogos Olímpicos

Entidade pede à Justiça que não autorize funcionamento da Linha 4 do metrô do Rio

Segundo a FerroFrente, obras destinadas à Olimpíada atropelam cronograma e trazem riscos: “Tragédia ocorrida na Ciclovia Tim Maia demonstrou precariedade da qualidade técnica dos projetos públicos do estado'

Divulgação

Obras civis da estação São Conrado foram concluídas, mas não houve testes suficientes, segundo a FerroFrente

São Paulo – A Frente Nacional pela Volta das Ferrovias (FerroFrente) entrou com uma ação civil pública pedindo à Justiça do Rio de Janeiro que não autorize o funcionamento da nova Linha 4 do metrô. A justificativa é de que o sistema não foi objeto de testes suficientes, nem foi certificado por empresa internacional independente, o que pode colocar a população em risco.

Segundo a ação, “as obras destinadas às Olimpíadas têm sido realizadas, em alguns casos, com atropelos no cronograma”. A “tragédia já ocorrida na Ciclovia Tim Maia, argumenta, demonstrou a precariedade da qualidade técnica dos projetos desenvolvidos sob os poderes públicos do Rio de Janeiro, colocando em dúvida as obras de engenharia atualmente em execução, especialmente aquelas desenvolvidas para o evento das Olimpíadas”. Esse também seria o caso da Linha 4 do metrô.

A FerroFrente alega que, em voto proferido no dia 9 de junho, pelo auditor substituto no Processo 103.717-4/16, o Tribunal de Contas do Estado exige providências dos responsáveis pela Linha 4, “firmando claro entendimento de que a obra corre alto risco de não ser concluída ou de não estar em condições de segurança para ser utilizada pelo público em geral.”

Na petição, a FerroFrente alega ainda que o presidente do TCE-RJ, Jonas Lopes Carvalho Junior, afirmou que o início dos testes preparatórios para a operação da Linha 4 estava marcado para outubro de 2014, e deveriam prosseguir até setembro de 2015. “Somente depois disso seria possível fazer testes com passageiros, que se encerrariam em janeiro de 2016, mas até agora nenhum teste preparatório foi iniciado”.

Há duas semanas, relatório do TCE-RJ chegou à conclusão de que havia pouco tempo para a conclusão das obras. Em entrevista, o presidente do órgão manifestou “preocupação de que com essa celeridade fosse prejudicada a qualidade da obra e até mesmo o seu andamento. Decidimos fazer um alerta às autoridades envolvidas”, disse Carvalho Junior na ocasião, segundo o jornal Valor Econômico.

A reportagem procurou a Concessionária Rio Barra, responsável pela obra. Segundo a assessoria de Comunicação, a questão dos testes deve ser respondida pela Secretaria Estadual de Transportes.

A secretaria não retornou à reportagem até o fechamento desta matéria. Em nota divulgada anteriormente, a pasta disse que “os testes dos sistemas foram iniciados em janeiro deste ano e o teste do material rodante, em junho de 2015, respeitando o disposto no contrato”. Acrescentou que “o prazo de testes adotado na Linha 4 leva em consideração todos os procedimentos de segurança já adotados desde a inauguração do metrô em 1979”.

O presidente da Ferrofrente, José Manoel Ferreira Gonçalves, diz que no Brasil, e particularmente no Rio de Janeiro, em função da pressa em terminar as obras para os Jogos Olímpicos, a política está atropelando o rigor técnico exigido por projetos de engenharia que envolvem grande público.

Segundo ele, que é formado em engenharia civil, a passarela Tim Maia foi projetada com erro de cálculo. “A passarela estava no ‘costão’ rochoso em cima do mar. Eles calcularam o peso da passarela e encaixaram a passarela nos pilares, que saíam de dentro da rocha. Só que esqueceram o esforço vertical que uma onda podia produzir vinda do mar e a possibilidade de jogar a passarela para cima. Foi o que aconteceu”, diz Gonçalves.

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