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Ataque contra indígenas faz mais uma vítima no Mato Grosso do Sul

Ação de fazendeiros expulsou indígenas que tentavam retomar áreas já demarcadas. Conselho Indigenista Missionário (Cimi) cobra punição

reprodução/Aty Guasu

Indígenas protestam contra mais uma ação violenta dos fazendeiros que culminou com uma morte e dez feridos

São Paulo – Um indígena foi morto e pelo menos outros dez ficaram feridos ontem (14) em mais um ataque de fazendeiros, próximo ao município de Dourados, no sudoeste de Mato Grosso do Sul. Nas últimas semanas do governo da presidenta Dilma Rousseff, a região em disputa entre os latifundiários e as tribos guarani-kaiowá foi reconhecida como terra indígena.

O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cléber Buzatto, diz que a região está em conflito permanente e que os cerca de mil indígenas realizaram a retomada das terras ainda no domingo (12). Na segunda-feira (13), segundo ele, a Polícia Federal esteve no local e conversou com os índios.

Ontem, sem qualquer decisão judicial, em ação que Buzatto classifica como “militar e paraestatal”, os fazendeiros atacaram Guarani-kaiowá. Cerca de 70 fazendeiros deslocaram-se com caminhonetes até o território indígena de Toro Passo e atacaram a tiros. A situação no local é de tensão e há informações ainda não confirmadas de que os indígenas teriam retomado outro território tradicional, em protesto contra o ataque.

Confira o vídeo do momento do ataque:

“Os povos indígenas, os Guarani-kaiowá em especial, vivem em situação de vulnerabilidade sociocultural extremamente grave, em função da falta de terras. As terras desse povo são ocupadas por fazendas”, afirma o secretário-executivo do Cimi, em entrevista ao Seu Jornal, da TVT.

Segundo Cléber Buzatto, o processo de identificação e delimitação da área já foi confirmadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai), que demarcou 55 mil hectares como terras tradicionais dos povos Guarani-kaiowá.

Ele lembra ainda que, recentemente, a região recebeu visita da relatora especial das Nações Unidas sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, e espera que o organismo internacional exerça pressão sobre o governo brasileiro para que identifique e puna os culpados pela violência e pelos assassinatos.

Em nota, o Cimi expressou solidariedade aos guarani-kaiowá por conta dos ataques e afirmou que a atuação da bancada ruralista no Congresso contribuiu para agravar o sentimento de ódio contra os indígenas, agravando ainda mais a violência nas regiões em disputa. “Causa vergonha nacional e internacional ao Brasil o fato de setores do agronegócio exportador de commodities agrícolas continuar assassinando líderes de povos originários de nosso país.”

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