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Parada do Orgulho LGBT agora faz parte do calendário oficial de São Paulo

'Curiosamente há muitas iniciativas de incluir no calendário da cidade as mais diversas homenagens. Mas ninguém se lembrou durante 20 anos de incluir a Parada LGBT', afirmou o prefeito Fernando Haddad

Paulo Pinto / Fotos Públicas

Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é a maior do mundo

São Paulo – A Parada do Orgulho LGBT chega à sua 20ª edição na capital paulista neste domingo (29), a partir das 10h, na Avenida Paulista. O tema deste ano é voltado ao universo T (travestis, mulheres transexuais, homens trans e transgêneros): “Lei de identidade de Gênero Já! Todas as Pessoas Juntas Contra a Transfobia”. Hoje (24), o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), assinou decreto que coloca a Parada no calendário de eventos da cidade.

Agora como um evento formal, a Parada de São Paulo deve contar com planejamento e investimentos em infraestrutura por parte da prefeitura. Além de evidenciar questões importantes para a sociedade, a Parada é um atrativo para o turismo na capital. São Paulo é considerada pelo Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) uma cidade gay-friendly, ou seja, “possui uma preocupação na garantia dos direitos de minorias cotidianamente estigmatizadas”, nas palavras do prefeito.

A Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT-SP), ONG que organiza o evento, lançou uma campanha nas redes sociais para divulgar a principal bandeira do ano, contra a transfobia. A ação “Marque-se” pede que internautas pintem seus rostos com as cores da identidade trans (azul, rosa e branco) e usem a hashtag: #ChegaDeTransfobia. “Neste ano trouxemos a demanda da visibilidade do segmento T. Destacando uma parte da comunidade LGBT que sofre muito com o preconceito, com a evasão escolar, com a falta de inserção no mercado de trabalho, buscando a aprovação de uma lei”, afirmou o presidente da Associação da Parada do Orgulho LBGT de São Paulo, Fernando Quaresma.

A Parada contará com 17 trios e mais de 30 DJs. O desfile começa às 12h, descendo pela Rua da Consolação até o Vale do Anhangabaú, onde ocorrerá um show de encerramento

Tramita no Congresso, desde 2013, a Lei de Identidade de Gênero, assinada pelos deputados federais Jean Wyllys (Psol-RJ) e Erika Kokay (PT-DF). O projeto encontra resistência de bancadas evangélicas. A ideia é permitir a alteração do nome e do gênero sem que o interessado seja obrigado a passar por processos médicos ou judiciais. Também consta do projeto a inclusão de tratamentos de mudança de sexo a serem oferecidos pelo SUS. “Hoje, para se ter uma mudança no nome, é preciso entrar com um processo na Justiça, passar por perícia médica e pelo crivo de um juiz, que pode ser uma pessoa preparada ou pode ser uma pessoa imbuída de preconceito. Com a lei, a pessoa só precisaria ir ao cartório fazer o pedido”, explicou Quaresma.

No dia 28 de abril, a presidenta Dilma Rousseff assinou o Decreto 8.727, que estabelece a utilização do nome social na administração pública federal. Considerado um avanço pela comunidade LGBT, o projeto está sob ameaça no governo interino de Michel Temer. O próprio líder do governo interino da Câmara é o deputado da bancada fundamentalista, André Moura (PSC-SE).

Em um de seus primeiros atos como presidente interino, Temer extinguiu o Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Em paralelo, na Câmara, na quarta-feira (18), 28 deputados conservadores assinaram um Projeto de Decreto da Câmara que susta a medida tomada por Dilma em seus últimos dias antes do afastamento. Contra os retrocessos, a Parada LGBT deste ano busca reivindica a Lei de Identidade de Gênero.

Com informações da Secom