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Ativistas da comunicação preparam ato contra apoio da mídia ao golpe

Fórum avalia que movimento pró-impeachment desnudou o quanto é danoso monopólio da comunicação nas mãos de grandes grupos econômicos

Lidyane Ponciano/FNDC

Renata Mielli defendeu que é preciso união dos movimentos sociais para avançar na democratização da comunicação

São Paulo – O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) prepara um ato para denunciar a participação da imprensa na articulação do impeachment contra a presidenta da República, Dilma Rousseff, no próximo 5 de maio, em várias cidades do Brasil. Com o tema monopólio é golpe, a mobilização será realizada em parceria com a Frente Brasil Popular. O Fórum avalia que há um movimento de unidade entre os grupos de telecomunicações e radiodifusão para fortalecer o grupo oposicionista, liderado pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP).

“Temos que continuar junto aos demais movimentos sociais que estão nas ruas defendendo nossa democracia, sempre buscando a unidade. Nossos inimigos estão lá fora, articulando e executando o golpe. São os radiodifusores, o capital privado que atua nas comunicações e o monopólio”, afirmou a nova coordenadora executiva do FNDC, Renata Mielli, eleita em plenária realizada no último final de semana.

O fórum também elaborou um plano de ação para intensificar a luta pela democratização da comunicação no país, considerada inadiável na atual conjuntura política. “Todo este processo político desnudou o quão danoso é o monopólio da comunicação para uma sociedade. A disputa de narrativas na sociedade se coloca como elemento central para enfrentar a onda reacionária e conservadora que tem uma dimensão política – a de derrotar políticas públicas de caráter progressistas –, mas que tem uma dimensão cultural perigosa, ao impor uma agenda de ódio e discriminatória contra mulheres, negros, índios, LGBT’s, dentre outros”, diz o documento.

O documento propõe ainda que os integrantes do FNDC aproveitem as eleições municipais para elaborar propostas de políticas públicas locais de comunicação, compondo uma plataforma a ser apresentada para candidatos aos Executivos e Legislativos. Além disso, pretendem ampliar a coleta de assinaturas do Projeto de Lei da Mídia Democrática, intensificar a luta pela criação dos conselhos de comunicação, discutir critérios para distribuição da verba de publicidade dos municípios, a ampliação de espaços para a comunicação comunitária e de políticas de acesso livre à internet.

Segundo o documento do FNDC, “o cenário de crise política e econômica que vivemos – no Brasil e em outros países – nos coloca num quadro de resistência. É o momento de ampliar a unidade do movimento social em torno da defesa da democracia, da denúncia do golpe em curso no país, contra as medidas neoliberais e de regressão de direitos”. Para o grupo, a luta pela democratização dos meios de comunicação, por mais pluralidade e diversidade na mídia brasileira, “é estratégica e imprescindível para o enfrentamento de uma crise que tem na mídia hegemônica seu elemento propulsor”.