vulneráveis

Mulheres refugiadas correm maior risco de sofrer novas violações de direitos

Em homenagem às refugiadas, Nações Unidas organizam exposição fotográfica que retrata cotidiano delas no Brasil

Victor Moriyama

Cabeleireira Jeannete, com nacionalidade omitida, é solicitante de refúgio desde 2014

São Paulo – As mulheres refugiadas têm mais dificuldades de ter suas demandas atendidas, ficam mais distante do acesso a direitos básicos e correm o risco de sofrerem novamente as violações de que já foram vítimas em seus países, segundo avaliação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), divulgada para marcar o Dia Internacional da Mulher, comemorado hoje (8). Pelo menos 30% dos refugiados no Brasil são mulheres.

Segundo nota divulgada pela entidade, refugiadas acabam “herdando a invisibilidade já habitualmente experimentada pelas mulheres, fazendo com que suas dificuldades sejam menos ouvidas, suas particularidades desrespeitadas e sua feminilidade ignorada”, diz o texto. “O resultado desse processo de anulação limita seu acesso a direitos, impede sua plena integração e provoca uma perigosa repetição das violações já vivenciadas em seus países de origem.”

Para homenagear as mulheres refugiadas, o Acnur organizou para todo o mês de março uma exposição fotográfica que retrata o cotidiano delas no Brasil, chamada “Vidas Refugiadas”. A mostra, que ocorre na Livraria Fnac, da Avenida Paulista, é composta por 16 fotos produzidas pelo fotógrafo Victor Moriyama.

As fotografias retratam a perda dos laços sociais de mulheres em situação de refúgio e as dúvidas e expectativas que vivenciam a partir da sua chegada no Brasil. Os retratos registram pessoas comuns, que tiveram suas vidas marcadas por conflitos, como a professora de inglês nigeriana Nkechinyere Jonathan, de 44 anos, que é casada, mãe de quatro filhos e aguarda solicitação de refúgio no Brasil desde 2014.

Além de Nkechinyere, outras mulheres compõem a mostra, nem todas identificadas. Entre elas está a professora de francês da Universidade de Damasco, na Síria, Mayada, de 50 anos, já reconhecida como refugiada no Brasil, a advogada da República Democrática do Congo, Sylve, de 34 anos, também refugiada desde 2014, e a artista Alice, de 24 anos, que veio de Burkina Faso para o Brasil em 2015.

O Brasil tem hoje 7,7 mil refugiados vindos de 81 países, segundo levantamento do Ministério da Justiça, de junho de 2015. A maioria é síria (23%), seguida por colombianos, angolanos e congoleses. O número de solicitações de refúgio ao governo brasileiro aumentou 22 vezes entre 2010 e 2014, passando de 1.165 para 25.996.

Exposição fotográfica Vidas Refugiadas
Quando? Até 30 de março, das 10h às 22h
Onde? LivrariaFnac (Avenida Paulista, 901)
Quanto? Grátis