nada naturais

Mais de 700 presos morreram nas penitenciárias de SP entre 2014 e 2015

A presidenta do Conselho de Comunidade de São Paulo, Valéria Balassoni, afirma que os óbitos são resultado da ausência de assistência médica nas unidades carcerárias

Wilson Dias/Agência Brasil

Sistema carcerário de SP possui 225 mil detentos e quase 40% dos presidiários estão presos provisoriamente

São Paulo – Entre janeiro de 2014 e junho de 2015, 721 presos morreram dentro das 163 penitenciárias do estado de São Paulo. Do total de mortes, 661 foram classificadas como “mortes naturais” pela Secretaria de Administração Penitenciária do estado. Os dados foram obtidos pela Ponte Jornalismo, por meio da Lei de Acesso à Informação.

Em entrevista ao repórter Jô Miyagui, da TVT, Valéria Balassoni, presidenta do Conselho de Comunidade de São Paulo, órgão responsável por inspecionar as cadeias da capital, explica que o termo “morte natural” leva a entender que o óbito ocorreu por velhice, mas afirma que a realidade é outra. “O que as visitas às penitenciárias me mostram é que as mortes são decorrentes da falta de atendimento médico. Há presos com problemas de saúde, cujo o tratamento não é satisfatório e resulta em óbitos.”

Os dados também informam que durante os 18 meses houve 21 homicídios e 39 suicídios nas penitenciárias paulistas.

Atualmente, o sistema carcerário de SP possui 225 mil detentos e quase 40% dos presidiários estão presos provisoriamente, sem que tenham sido julgados e condenados.

O assessor jurídico da Pastoral Carcerária, Francisco de Barros Cruzeiro, denuncia as péssimas condições nas cadeias paulistas. “É um sistema superlotado, onde não existem muitos recursos em termos de educação e trabalho. Na saúde, também não há uma equipe completa, então, faltam médicos. A ressocialização é mais um discurso do que uma prática.”

Para Valéria, a superlotação também influencia no aumento de violência. “A gente vê uma cela projetada para 12 presos, mas com 60 pessoas dentro. A superlotação causa todo tipo de problema de ordem psicológica, além do aumento da violência. Não há a possibilidade de ressocialização com essas condições.”

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