saída pela esquerda

Frente Povo Sem Medo vai às ruas em defesa da democracia

Movimentos vão protestar nesta quinta-feira (24) contra a 'Justiça de exceção' de Sérgio Moro e contra ameaças à democracia, e reivindicar reformas populares e o fim do ajuste fiscal

Zanone Fraissat/Folhapress

Frente Povo Sem Medo iniciou mobilizações no fim do ano passado contra Cunha e o ajuste fiscal

São Paulo – A Frente Povo Sem Medo, formada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e outras 26 organizações, vai realizar quinta-feira a “Mobilização em Defesa da Democracia: a Saída é pela Esquerda” em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Uberlândia e outras cidades. Os movimentos temem que os atos pelo impeachment da presidenta Dilma Rousseff sirvam de trampolim para a cassação de direitos. “Insuflaram um clima macartista de intolerância e ódio, que se traduziu nas ruas com intimidação e agressões contra quem diverge. O ambiente criado é de caça às bruxas, de ameaça à nossa já frágil e limitada democracia”, diz manifesto.

A frente destaca que as ações pró-impeachment e em favor da prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão sendo articuladas por setores e personagens conhecidos por ações antidemocráticas e pela corrupção. “Os setores que querem derrubar Dilma e prender Lula apostaram todas suas fichas, passando por cima inclusive de garantias constitucionais e das liberdades democráticas. Nunca é demais lembrar que o impeachment que querem impor tem a marca corrupta, antidemocrática e chantagista do (presidente da Câmara) Eduardo Cunha, representante do que há de pior na política brasileira.”

Os movimentos lamentam a perda de rumo da Operação Lava Jato, que se transformou “num instrumento de abusos e de seletividade”. E avaliam que a “justiça de exceção”, vigente há décadas nas periferias das grandes cidades contra o povo pobre e preto, está sendo legitimada como regra pelo juiz Sérgio Moro, responsável pela operação, “sob aplausos da mídia”. “Defendemos que a corrupção seja investigada até as últimas consequências. Mas para todos e com as garantias previstas na lei.”

Para a frente, no entanto, não se pode ignorar que o governo Dilma adotou medidas antipopulares, “identificáveis com o programa derrotado nas urnas”: iniciou um ajuste fiscal antipopular e assumiu uma “agenda de retrocessos” com temas como a Reforma da Previdência e a lei antiterrorismo. E deixaram passar oportunidades de pautar a democratização dos meios de comunicação e do sistema político, além de reformas populares. A crise atual seria também consequência desta “falta de ousadia”.

“Não ficaremos calados e acovardados ante as ameaças ao que temos de democracia no Brasil. O ataque não é somente contra o PT. É contra o que quer que seja de esquerda neste país. Querem aniquilar o movimento social. Querem impor um ambiente de intolerância e linchamento, onde não há espaço para o pensamento e a ação críticos. A solução que a direita brasileira propõe representa ainda o aprofundamento dos ataques a direitos sociais e trabalhistas.”

Como parte da reação a esses ataques, o MTST realizou nova ocupação na madrugada do sábado (19), em Itaquera, zona leste da capital paulista. E não descarta realizar outras. Além disso, vai compor a mobilização nacional no dia próximo 31, em vários estados, junto com a Frente Brasil Popular.

Mais uma vez, os movimentos reivindicam reformas populares, a desmilitarização da polícia e a radicalização da democracia. “Defendemos a ampliação de direitos e liberdades. Mas sabemos que para construir este caminho é preciso deter os retrocessos, barrar a saída à direita representada pelo golpismo. Não há tempo para vacilação.”

Em São Paulo, a concentração do ato será às 17h, no Largo da Batata, em Pinheiros, zona oeste. A manifestação vai até a sede da Rede Globo, na Avenida Luís Carlos Berrini. No Rio, o ato seria realizado a partir das 11h, no Campus Praia Vermelha da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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