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Dias depois de visita da ONU, fazendeiros do MS voltam a atacar indígenas

Novo episódio ocorreu em acampamento guarani-kaiowá próximo ao município de Dourados (MS). Conselho Indigenista Missionário cobra celeridade em processos de demarcação para pacificar a região

reprodução/Cimi

Cimi classifica situação dos guarani-kaiwoá no Mato Grosso do Sul como “calamidade social permanente”

São Paulo – No último sábado (12), mais um caso de violência contra indígenas foi registrado na região do município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. Um acampamento guarani-kaiwoá foi atacado por fazendeiros e pistoleiros, e uma liderança indígena está em estado grave após ser atingida por pelo menos oito tiros.

O secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cleber Buzato, em entrevista à Rádio Brasil Atual hoje (15) relata que os indígenas foram atacados após fazerem uma ação de retomada de uma área já demarcada, mas que aguarda homologação.

Segundo ele, até o momento, não foram identificados os autores dos ataques. Ele frisa que os ataques ocorrem dias depois da visita da relatora especial da ONU sobre os direitos dos povos indígenas, Victoria Tauli-Corpuz, o que denota uma demonstração de força por parte dos fazendeiros, que querem fazer crer que estão acima de qualquer instância de poder, nacional ou internacional.

O Cimi afirma que a saída para a pacificação do conflito é acelerar os procedimentos de demarcação, indenizando os não-indígenas, de acordo com a legislação. “Temos insistido para que o governo dê prosseguimento aos procedimentos de demarcação. Infelizmente, esses procedimentos estão paralisados”, lamenta Cleber.

O secretário executivo do Cimi classificou a situação dos guarani-kaiwoá como “calamidade social permanente”, e detalha: “Os procedimentos não avançam, as comunidades vivem já numa pressão social muito grande, principalmente nessa área de Dourados. São mais de 14 mil indígenas vivendo numa área extremamente reduzida, de pouco mais de 3 mil hectares. As famílias também buscam realizar ações políticas no sentido de encontrar um pouco mais de espaço para viverem, de acordo com seus usos, costumes e tradições.”

Ouça a entrevista da Rádio Brasil Atual: