Em menos de uma semana, dois ativistas são assassinados no Pará
Mortes do presidente do PCdoB de São Domingos do Araguaia e do vereador José Ernesto da Silva Branco (PHS) entram para estatísticas do estado com maior número de mortes no campo
Publicado 19/02/2016 - 18h36
São Paulo – Dois ativistas políticos do estado do Pará foram assassinadas em menos de uma semana. No último dia 12, o presidente do PCdoB de São Domingos do Araguaia, Luís Antônio Bonfim, foi morto com seis tiros. Ontem (18), os paraenses receberam a notícia de que o vereador José Ernesto da Silva Branco (PHS), de Goianésia do Pará, também havia sido baleado.
O senador Paulo Rocha (PT-PA) chegou a enviar – antes mesmo da morte do vereador, conhecido como Zé Ernesto – um ofício à Casa Civil, endereçado ao governador Simão Jatene (PSDB), solicitando rigor na apuração da morte de Bonfim.
“Crimes como este nos chocam e enodam a imagem do Pará, já profundamente marcada por crimes de encomenda, que resultaram nos assassinatos de grandes lideranças”, afirmou o senador. Mortes de lideranças populares e sindicais foram lembradas no documento de Rocha, que ainda destacou a morte da freira Dorothy Stang, em 12 de fevereiro de 2005.
De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Pará registrou 645 mortes por conflitos no campo entre 1985 e 2013, número quase cinco vezes maior do que o registrado pelo segundo estado com maior índice de violência no campo, o Maranhão, com 138 casos no mesmo período.
Em nota, o senador petista recordou que a cidade de São Domingos do Araguaia, onde foi assassinado Luís Antônio Bonfim, é local onde ocorreu a Guerrilha do Araguaia, entre 1972 e 1975. Bonfim liderava uma ocupação na região do Tabocão, em Brejo Grande do Araguaia. Segundo a coordenadora nacional da CPT, Isolete Wichinieski, as mortes por disputas de terra no estado superam em números toda a região Nordeste, composta por nove estados.