Ditadura

Governador gaúcho entrega medalha a general que homenageou Ustra

Homenageado, Antônio Hamilton Martins Mourão foi afastado do Comando Militar do Sul, em outubro de 2015, após defender “o despertar de uma luta patriótica”

Luiz Chaves/Palácio Piratini

Sartori entregou ao militar a Medalha Negrinho do Pastoreio, por “relevantes serviços” prestados à população

Sul 21 – O governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (PMDB), entregou na última quarta-feira (13) a Medalha Negrinho do Pastoreio para o general Antônio Hamilton Martins Mourão, “em reconhecimento ao trabalho prestado no Comando Militar do Sul”.

“É uma satisfação lhe entregar esta medalha. Foi um ano de muita convivência positiva e a medalha reconhece isso, mas também o seu jeito de ser”, disse o governador Sartori ao entregar a medalha ao general Mourão. A Medalha Negrinho do Pastoreio é entregue a personalidades que “prestam relevantes serviços em favor das pessoas, do Estado ou da Pátria”, informou a assessoria de imprensa do Palácio Piratini.

O general Mourão foi afastado do Comando Militar do Sul, em outubro de 2015, após defender “o despertar de uma luta patriótica” no país e autorizar uma homenagem póstuma ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, primeiro integrante da ditadura militar reconhecido como torturador pela Justiça brasileira. A homenagem ao coronel ocorreu no mês de outubro, no pátio de formatura da 6ª Brigada de Infantaria Blindada, em Santa Maria. Após esses episódios, o general Mourão foi transferido para a Secretaria de Economia e Finanças do Exército, em Brasília.

Ustra foi comandante do Destacamento de Operações Internas (DOI-Codi) de São Paulo, entre 1970 e 1974, durante a ditadura. O militar foi acusado pelo Ministério Público Federal por envolvimento em crimes como o assassinato do militante comunista Carlos Nicolau Danielli, sequestrado e torturado nas dependências do órgão. A presidente Dilma Rousseff foi presa e torturada nas dependências do DOI-Codi, do 2º Exército em São Paulo, unidade chefiada pelo então major Ustra. Em 2008, Ustra tornou-se o primeiro militar brasileiro a ser reconhecido como torturador, pela Justiça.

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