Transporte

Para petistas, tarifa zero reivindicada pelo MPL ‘não é real’ atualmente

Deputado Paulo Teixeira e vereadora Juliana Cardoso, defendem esforço de Fernando Haddad em modernizar transportes, mas vereadora pede 'respeito' ao movimento social

arquivo rba

São Paulo – Representantes do partido do prefeito Fernando Haddad em São Paulo consideram que a atual gestão se empenha para modernizar o transporte público e a mobilidade urbana na cidade. Mas acreditam que a prefeitura não tem condições de atender, no momento, a mais emblemática reivindicação do Movimento Passe Livre (MPL), a gratuidade do transporte municipal. A entidade tem feito manifestações na cidade desde o aumento da tarifa dos ônibus municipais de R$ 3,50 para R$ 3,80. O reajuste entrou em vigor no dia 9.

“O prefeito ampliou a gratuidade, aumentou subsídios e fez um aumento abaixo da inflação. Ele está fazendo mais do que pode, mais do que tem diante da realidade econômica. Portanto, vejo que há uma situação em que ele está fazendo de tudo para atender, mas existem os limites. Acho que talvez tenha sido o prefeito que mais atendeu as demandas do MPL”, avalia o deputado paulista do PT Paulo Teixeira.

Em 20 de outubro de 2015, Haddad ampliou por decreto os subsídios às empresas de ônibus em R$ 144 milhões, como compensação contratualmente prevista para tentar neutralizar os custos do passe livre para estudantes. O passe livre em ônibus municipais para alunos do ensino fundamental e médio das redes públicas de ensino municipal, estadual ou federal entrou em vigor na capital paulista no dia 2 de fevereiro do ano passado.

Para Teixeira, a possível compreensão pela maioria da juventude em São Paulo de que o prefeito “está atendendo” reivindicações na medida do possível seria um dos fatores que faz com que a participação em manifestações tenham encolhido.

A vereadora Juliana Cardoso, líder da bancada do PT na Câmara Municipal, também ressalta que “o prefeito está trabalhando muito, entre outras, na questão da mobilidade”. Ela cita os corredores e faixas exclusivas de ônibus, a melhoria de qualidade dos veículos, as ciclovias e, principalmente, o passe livre dos estudantes.

Juliana destaca, porém, que não só o MPL, mas os movimentos sociais, de modo geral, merecem respeito, assim como suas reivindicações, principalmente por um governo do PT. “O movimento é legítimo. Está há muitos anos na luta e tomou proporção há muito tempo. O PT foi muito construído em cima de manifestações por direitos da população”, lembra.

Ela desaprova o comentário feito pelo prefeito, há uma semana, quando disse que “podia dar almoço grátis, jantar grátis, ida para a Disney grátis”, ironizando a reivindicação. “Foi uma frase bem infeliz. Os movimentos têm de ser respeitados”, diz a vereadora.

Para ela, o passe livre para um parcela dos estudantes “só aconteceu porque teve gente na rua se mobilizando”. Ela destaca, por outro lado, que a prefeitura não tem como superar as dificuldades impostas pela realidade. “Uma coisa é o movimento legítimo. Outra é aquilo que é possível, e aí vem o lado do governo. Ele tem trabalhado para poder atender, não 100%, porque isso hoje não é real, não é possível, mas deu um passo importante com o passe livre para os estudantes. É uma conquista e a gente demorou para chegar nela.”

Paulo Teixeira vê exagero em algumas manifestações, nas quais Haddad é atacado e igualado ao governador Geraldo Alckmin (PSDB). “Estão cometendo uma injustiça com Haddad”, diz. “O governo municipal tem andado anos-luz à frente de Alckmin em dialogar melhor com os movimentos”, reitera Juliana.


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