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Alckmin suspende outra obra do Metrô e novas estações vão atrasar mais

Além da extensão da Linha 2-Verde até Guarulhos, estão paradas obras de outras quatro linhas. Projeto apresentado há mais de uma década previa para 2020 cerca de 168 km de metrô. Hoje são menos de 70 km

Guilherme Lara Campos/A2 Fotografia

Monotrilho da Linha 15-Prata foi inaugurado, mas tem apenas duas estações funcionando

São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), suspendeu por mais um ano o início das obras de extensão até Guarulhos da Linha 2-Verde, que hoje liga a Vila Madalena, na zona oeste, à Vila Prudente, na região sudeste. A medida foi publicada junto dos novos aditivos contratuais da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) no Diário Oficial do Estado, no dia 31 de dezembro passado. A suspensão vem sendo prorrogada desde setembro de 2014, quando as obras deviam ter sido iniciadas.

Desde que foi reeleito, Alckmin já suspendeu as obras da Linha 15-Prata (Vila Prudente–Cidade Tiradentes), da Linha 17-Ouro (Morumbi–Jabaquara) e da Linha 18-Bronze (ABC-São Paulo), sempre responsabilizando a crise econômica. Já a Linha 5 Lilás está sendo preparada para concessão à iniciativa privada. Segundo reportagem de O Estado de S. Paulo, o governador também estuda a possibilidade de concessão das linhas de monotrilho 17-Ouro (Jabaquara-Morumbi) e 15-Prata (Cidade Tiradentes-Vila Prudente).

A obra da linha 2-Verde prevê a construção de 12,5 quilômetros de novas linhas de metrô, com 12 novas estações, além de um novo pátio de manobras e da aquisição de 35 novos trens que a linha deverá receber. O projeto foi apresentado há 11 anos pelo próprio Alckmin, dentro da proposta de rede essencial que deveria estar em operação até o ano de 2020. No entanto, nenhuma das linhas previstas saiu do papel. E a rede metroviária, que deveria ter 163 quilômetros ao final do processo, tem hoje 68,5.

No caso da Linha 15-Prata, a obra está cinco anos atrasada. A previsão de entrega do primeiro trecho – com 11 estações entre Vila Prudente e São Mateus – era para 2010. Atualmente, as estações São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tostói, Vila União, Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus estão previstas para 2017. O restante, mais sete estações até Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital paulista, estava previsto para 2012. A previsão é de que a linha transporte 550 mil pessoas diariamente, quando concluída. Hoje chega, no máximo, a mil pessoas por dia.

As obras foram paralisadas a partir de São Mateus e não há previsão de quando serão entregues as sete estações até Cidade Tiradentes. O monotrilho iniciou operação comercial em 10 de agosto, com horário de atendimento das 7h às 19h. No entanto, os passageiros podem utilizar somente 11% de todo o trajeto previsto. Apenas o trecho entre as estações Vila Prudente e Oratório, com 2,9 quilômetros de extensão, está pronto.

Enquanto a obra avança lentamente, o orçamento triplicou. De 2009, quando foi anunciada pelo ex-governador paulista e hoje senador José Serra (PSDB), até agora, o orçamento foi revisto de R$ 2,3 bilhões para R$ 7,1 bilhões.

Parte dos problemas se deve a um erro de planejamento. Foram “encontradas” galerias de água em locais onde seriam construídas parte das estações, o que demandou alterações no projeto. Mas os investimentos do governo Geraldo Alckmin (PSDB) na Linha-15 Prata também tem ficado abaixo do esperado, o que contribui para a lentidão na obra. O Plano Plurianual 2011-2014 previa investimentos de R$ 3,8 bilhões na obra. Mas somente R$ 1,5 bilhão foi aplicado – 60% menos.

A linha 5-Lilás opera com sete estações em 9,6 quilômetros de trilhos. O primeiro trecho, com cinco estações entre Capão Redondo e Largo Treze, foi entregue em 20 de outubro de 2002. A estação Adolfo Pinheiro, sexta a entrar em funcionamento, só foi entregue no ano passado.

Em construção desde 1998 – quando era a Linha G da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) –, a Linha 5-Lilás já teve sua data de conclusão alterada muitas vezes desde 2006, primeiro ano previsto. Atualmente, o governo de São Paulo promete a conclusão das dez estações restantes para 2018. As outras duas linhas citadas também estão em obras e também já tiveram suas previsões de entrega revistas.

As obras ficaram paradas entre 2002 e 2009. A expansão iniciada em 2009, ao custo de R$ 6,9 bilhões, foi novamente paralisada em 2010, por suspeita de fraude e formação de cartel entre as empresas, com a participação de funcionários da gestão Alckmin. O objetivo era garantir que todas as empresas tivessem uma parte na obra. O esquema de corrupção pode ter causado um rombo de R$ 350 milhões e o processo ainda está em andamento na Justiça.

Ainda estão em obras outros 11,5 quilômetros da Linha 5-Lilás, com mais dez estações. Atualmente, a expansão está orçada em R$ 9,1 bilhões. A linha terá interligação com a linha 1-Azul (na estação Santa Cruz) e terminará na estação Chácara Klabin, ligando-se com a linha 2-Verde. A concessão será somente da operação. A construção em andamento seguirá sob responsabilidade do Metrô.

A Linha 17-Ouro teve sua entrega prevista para 2018 reduzida ao trecho entre o Aeroporto de Congonhas e a Marginal do Pinheiros. E a Linha 18-Bronze, não tem qualquer previsão para entrega.

A primeira fase da Linha 6-Laranja, que ligará o bairro da Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim da Linha 1-Azul, na região central, é outra promessa que vem tendo seu cronograma protelado. Apresentado também há 11 anos, o projeto de 15,3 quilômetros e 15 estações já teve seu término previsto para 2012. Depois de sucessivos adiamentos (para 2013, 2017 e 2019), a entrega integral dessa primeira fase, que começou efetivamente em 2015, está agora prevista para 2020.

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