Homenagem

Vito Giannotti dá nome a auditório do Centro Barão de Itararé

Evento nesta quinta apresenta também placa em homenagem ao ativista, pesquisador, escritor e criador do Núcleo Piratininga de Comunicação, que morreu em julho

UFSM

Vito, referência em comunicação popular

São Paulo – O jornalista, escritor e ativista da comunicação Vito Giannotti será homenageado hoje (26) pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, entidade que ajudou a criar e da qual era conselheiro. Vito, que morreu no último dia 25 de julho, dará nome ao auditório do Barão, em evento que terá também um debate sobre a importância da qualidade e da intensidade da comunicação popular como meio de luta pela cidadania – objeto de trabalho e de militância do escritor desde os anos 1960, quando se radicou no Brasil.

Participam do bate-papo a também jornalista e militante Cláudia Santiago – mulher de Vito e uma das coordenadoras do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), Nilton Viana, editor do jornal Brasil de Fato, e Sebastião Neto, integrante do Projeto Memória da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo. Em seguida, será instalada uma placa com o nome do ítalo-brasileiro, que batizará e simbolizará a “eternização da presença de Vito nesse espaço”, como explica o presidente do Barão de Itararé, Altamiro Borges, o Miro.

“Vito foi um operário da comunicação. Desde os tempos de militância na oposição sindical metalúrgica de São Paulo e no movimento operário, sempre valorizou a formação dos trabalhadores e a batalha da comunicação como ferramenta de disputa de ideias e valores e de contraponto à hegemonia das elites através da mídia comercial tradicional”, diz Miro. “Ele ajudou a formar gerações de comunicadores nos movimentos sociais, sindicais, estudantis e comunitários. O NPC tinha uma relação de parceria com o Barão e as atividades e publicações que promove são uma referência para as organizações populares.”

O Barão de Itararé fica na Rua Rego Freitas, 454, 8º andar. O evento começa às 19h.

Vito Giannotti, operário da memória e da liberdade, sempre em construção

Metalúrgico, historiador, escritor, jornalista, professor, militante da democracia e do socialismo. Qualquer que seja a atribuição que se busque na biografia de Vito Giannotti, que nos deixou na madrugada de hoje, aos 72 anos, se encontrará um homem intenso.

Vito é filho de italianos. Chegou a São Paulo aos 21 anos, em 1964, e passou a vida toda construindo. Construiu resistência à ditadura, construiu a oposição metalúrgica de São Paulo ante sucessivas direções indignas de representar trabalhadores, construiu a pesquisa e a memória das lutas sociais e operárias, construiu pontes que, por meio da comunicação, ligassem lideranças sociais e intelectuais e suas ideais ao cidadão comum exposto à indecência da imprensa hegemônica.

Obstinado, Vito deixa mais de duas dezenas de livros. E a experiência singular do Núcleo Piratininga de Comunicação, no Rio de Janeiro. Um centro de estudos, de memória, de debates, de produção e troca de conhecimento. E de amizades.

Suas palestras eram movidas a sonho e convicção. Com a mesma fluidez de suas prosas. Era crítico ácido de sindicatos e movimentos que desprezam a necessidade de produzir comunicação de qualidade com a sociedade – com linguagem respeitosa e clara, com elegância, com profissionalismo. E mesmo quando chutava o balde ao desferir crítica a um jornal malfeito, o fazia com o objetivo nítido de construir, de impelir as esquerdas e movimentos, qualquer que fosse a corrente, a deixar de falar para o umbigo e disputar a opinião pública.

Vito foi tudo isso. Intenso, propositivo e agregador. Sua alegria, sua energia, sua contundência, e sobretudo sua esperança e prazer de lutar, contagiantes, farão uma falta danada – ainda mais nesse momento sombrio de nossa política. Valeu, Vito. Façamos nossa sua frase clássica: “A luta continua, porra!”

Paulo Donizetti de Souza, texto publicado em 25 de julho de 2015

Leia também

Últimas notícias