discriminação

Preconceito é obstáculo para refugiados africanos em São Paulo

Saídos de cenários de guerras e perseguições políticas e religiosas, migrantes vindos da África ainda têm de enfrentar racismo e discriminação

Daniel Mello/Agência Brasil

Além das dificuldades com a burocracia e diferenças culturais, refugiados africanos enfrentam o preconceito

São Paulo – Refugiados que chegam a São Paulo enfrentam diversas barreiras para serem acolhidos. Obrigados a deixar seus países de origem, por causa de guerras ou perseguições políticas e religiosas, quando chegam aqui, enfrentam dificuldades com o idioma e com os costumes. No caso específico dos imigrantes africanos, existe mais na barreira: o preconceito racial.

O congolês Pitchou Luambo, há cinco anos em São Paulo, conta que teve que sair do seu país, que vive uma guerra civil desde 1996 e já matou 6 milhões de pessoas. “Ninguém sabe porque não passa na mídia. Tive que sair para tentar salvar a minha vida.”

Pitchou, que era advogado no Congo, diz que teve que sair de repente. “Deixei tudo, a profissão, a casa, a família, tudo.” Em entrevista ao Seu Jornal, da TVT, ele fala das dificuldades burocráticas encontradas pelos refugiados e se mostra desacreditado em poder a volta a atuar como advogado, no Brasil. “Não sei se, um dia, vou conseguir. Nunca vi um caminho. Não existe um caminho fácil para o refugiado poder revalidar o diploma.”

Sobre o preconceito, Pitchou Luambo afirma que essa situação o surpreendeu, ao chegar ao país. “Nasci e cresci sem saber o que era o preconceito e o racismo. Comecei a sentir aqui.”

Ele vive em uma ocupação, com outros imigrantes e refugiados, e criou o grupo de Refugiados e Imigrantes Sem Teto de São Paulo. Segundo o migrante, mais uma vez a documentação é um entrave, tanto para conseguir alugar uma casa, quanto para poder participar de programas de habitação. “Depois de sair dos centros de acolhida, não tem para onde ir.”

Após fazer bicos como estoquista e operador de empilhadeira, e frente à impossibilidade de conseguir emprego com registro, Pitchou ganha a vida dando aulas de francês e quer resgatar também a história e a cultura dos refugiados que vivem no Brasil, como forma de combater o preconceito. “Nós percebemos que está tendo muita discriminação, talvez por falta de informação do povo brasileiro.”


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