em São Paulo

Debates e eventos discutem violência promovida pelo Estado contra os cidadãos

Evento destaca e denuncia aumento de mulheres encarceradas e lembra os 23 anos do Massacre do Carandiru, que ainda aguarda a devida responsabilização

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No último sábado, manifestantes lembraram dos 43 estudantes mexicanos desaparecidos

São Paulo – A situação das mulheres encarceradas, no Brasil, será debatida em evento realizado na noite de hoje (30) na Casa Mafalda, no bairro da Lapa, zona oeste de São Paulo. O evento integra a Semana de Luta Contra a Violência do Estado, organizado por movimentos sociais, coletivos, artistas, ativistas e familiares de vítimas da violência estatal.

Para Rafael Presto, membro do Coletivo de Galochas e do Coletivo DAR, dois dos grupos que organizam o evento, o objetivo dos debates, que vão até sábado (3), é deixar claro que a violência estatal não se trata de desvio ou descuido, por parte das instituições, mas faz parte de um projeto político que atendendo aos interesses de setores da sociedade.

Em entrevista à repórter Camila Salmazio, da Rádio Brasil Atual, ele destaca que, nos últimos 12 anos, o número de homens adultos presos no Brasil aumentou 130%. Para as mulheres, esse aumento foi de 256%, e elas estão ainda mais expostas a abusos e a falta de cuidados essenciais. “O sistema penal é um sistema pensado para os homens. Nos cuidados básicos, as mulheres não são atendidas”, ressalta Rafael, lembrando por exemplo, da falta de absorventes, que o estado se recusa a fornecer, obrigando-as a improvisar, com papel higiênico e, até mesmo, miolo de pão. Durante o evento de hoje, haverá arrecadação de absorventes que serão destinados a mulheres em situação de cárcere.

Em continuação às atividades da semana, na sexta-feira (2) um ato público lembrará os 23 anos do Massacre do Carandiru, que deixou 111 mortos. A manifestação terá a participação das Mães de Maio e a de parentes de vítimas de outras chacinas, em São Paulo e no Rio.

A atividade terá concentração no Largo São Francisco, no centro, a partir das 17h, e seguirá por lugares que segundo, Rafael, representam a memória da repressão promovida pelo estado, como o quartel da Rota, a secretaria estadual de Segurança Pública e a sede administrativa da Fundação Casa, todas também na região central da capital.

A Semana de Luta Contra a Violência do Estado teve início no último sábado (26), em uma ação que lembrou os 43 estudantes desaparecidos na cidade de Ayotzinapa, no México, após ação policial, em setembro do ano passado, enfatizando que a repressão estatal é um problema global.

Outro tema que preocupa, este de alcance nacional, é a redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos. Para Rafael, trata-se de mais uma tentativa de criminalizar a juventude periférica. “Os mortos que se colhem nessa guerra nas periferias, eles têm cor, classe e geografia. É um aumento da violência sobre essas populações. Na prática, é uma estratégia para se aumentar, ainda mais, o controle social armado da população”, denuncia.

A programação completa da Semana de Luta Contra a Violência do Estado está disponível em facebook.com/nenhumamenos

Ouça a entrevista completa da Rádio Brasil Atual:

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