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PM agride manifestantes em ato contra aumento da tarifa de ônibus em BH

Gases de efeito moral e balas de borracha foram disparados contra passeata que seguia pacificamente pelo centro da cidade. Versão da PM para iniciar ataques é desmentida por vídeos e depoimentos

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Vídeo mostra momento em que policial dispara contra manifestantes em BH: novo episódio de truculência gratuita

Belo Horizonte – Uma manifestação contra o segundo reajuste das tarifas dos ônibus municipais em menos de 12 meses – passando de R$ 3,10 para R$ 3,40 – foi reprimida duramente pela Polícia Militar mineira ontem (12), mesmo havendo provas de que o ato seguia pacificamente pelas ruas do centro de Belo Horizonte. Novo ato está marcado para amanhã (14), com concentração às 17h, na Praça Sete de Setembro.

Organizada por meio das redes sociais pelo Tarifa Zero e Movimento Passe Livre BH (MPL-BH), a caminhada começou no fim da tarde na Praça Sete de Setembro e reunia cerca de mil manifestantes, que encontraram um bloqueio de militares na Avenida Afonso Pena, próximo à prefeitura. Ao desviar pela transversal, a Rua da Bahia, foram “recepcionados” por outro cerco de policiais – do Batalhão de Eventos e da Tropa de Choque –,  com balas de borracha, bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo.

Manifestantes relataram que o ataque foi cometido mesmo após os manifestantes negociarem com o comando da operação a liberação da via. Porém, sob alegação de estarem sendo atacados, os militares partiram violentamente para cima das pessoas. O tenente-coronel Gianfranco Caiafa, comandante da operação, nega que a tropa tenha exagerado na força e que apenas teria reagido à agressão iniciada pelos manifestantes, que acusou de terem atirado pedras contra os soldados, chegando a atingir um policial. Entretanto, vídeos que registraram a ação contradizem a versão de Caiafa. Comerciantes e moradores do entorno também refutam a fala da polícia.

A investida da PM provocou grande correria na Rua da Bahia e dezenas de pessoas buscaram refúgio num hotel. Há relatos de que policiais teriam lançado bombas para dentro do hotel, versão confirmada por transeuntes que passavam pelo local no momento. Cerca de 100 pessoas foram detidas no hotel – onde familiares e advogados dos detidos foram proibidos de entrar. Os manifestantes foram encaminhados à Central de Flagrantes (Ceflan), no bairro Floresta (zona leste de BH) e liberados por volta de 1h hoje.

Em nota divulgada ainda na noite de ontem, o governo de Minas “lamenta o ocorrido” durante a manifestação e diz que determinou uma apuração rigorosa dos fatos. “A Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania está acompanhando os desdobramentos do conflito e participará diretamente da investigação a ser feita pelos órgãos competentes, incluindo a escuta livre de todos os envolvidos e a perícia das imagens obtidas pela imprensa e nas câmeras de vigilância”, diz a nota. Segundo informações do jornal Hoje em Dia, no meio da confusão, várias pessoas ficaram feridas, entre elas o repórter fotográfico Denilton Dias, do jornal O Tempo, atingido por uma bala de borracha.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais emitiu uma nota de repúdio à violência empreendida pela Polícia Militar em que afirma que “com desproporcional uso da força, os militares atacaram com bombas e balas de borracha jovens e adolescentes, que seguiam em ato pacífico contra o aumento das passagens no transporte coletivo”. A entidade se colocou à disposição, com todo o suporte institucional e jurídico necessário, dos repórteres e demais profissionais de imprensa que tenham sido impedidos de exercer a sua função durante a manifestação.

Coletivo

O aumento da passagem dos ônibus continua sob litígio. Depois de uma liminar que determinava a suspensão do aumento ter sido derrubada, a Defensoria Pública de Minas Gerais protocolou na terça-feira (11) uma nova ação civil pública com pedido de liminar, suspendendo o aumento das passagens em Belo Horizonte.

A ação da Defensoria aponta divergências sobre os números e dados que justificariam o segundo reajuste da passagem em menos de 12 meses – o primeiro, como se realiza segundo o contrato celebrado entre empresas de ônibus e a BHTrans (órgão público responsável pelo gerenciamento do transporte), aconteceu no fim do ano e elevou a passagem de R$ 2,85 para R$ 3,10.

O novo aumento foi decretado sob alegação de que o transporte coletivo implementado na cidade – o BRT, batizado de “Move” – estaria onerando demais as empresas, deixando-as no vermelho. A ação, que será analisada pela 4ª Vara de Fazenda Pública Municipal, pede ainda que seja feita uma auditoria contábil, econômica, fiscal e financeira nas empresas de transporte público da capital. Não há, no entanto, prazo para que seja julgado o pedido da liminar suspendendo o aumento.

Assista a vídeos da violência policial contra manifestação democrática e pacífica cometida pela PM de Minas Gerais:

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