sem teto

Famílias iniciam desocupação de terreno após reintegração de posse

Durante a madrugada os moradores, que viviam há 15 anos no local tentaram resistir e colocaram fogo em barricadas e veículos

Avener Prado/Folhapress

Famílias dizem que não foram avisadas da reintegração e tentaram resistir. Polícia usou bombas de efeito moral

São Paulo – As 75 famílias que ocupavam um terreno na Estrada do Iguatemi, Jardim Pedra Branca, extremo leste da capital paulista, começam a deixar suas casas após a violenta ação de reintegração de posse. Durante a madrugada de hoje (27), alguns moradores se revoltaram e atearam fogo em, pelo menos, seis carros e um caminhão, além de montar barricadas.

Segundo o Capitão Meira, da Polícia Militar (PM), a desocupação ocorre agora de forma tranquila, com os moradores retirando seus pertences e três retroescavadeiras derrubando algumas casas. A operação deve demorar pelo menos mais quatro horas. Foram disponibilizados 30 caminhões para ajudar na mudança.

A área da Fazenda do Carmo tem 11 mil metros quadrados ocupados por casas de alvenaria e barracos de madeira, mas o terreno inteiro tem 28,5 mil metros quadrados. As famílias vivam há 15 anos no local. A desocupação foi solicitada pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do Estado de São Paulo, proprietária do local.

A assessoria de imprensa da CDHU informou que existe um projeto para a construção de 170 unidades habitacionais no terreno, destinado a famílias já cadastradas. A previsão é que em outubro seja aberta a licitação para contratação da empresa construtora.

O morador Jorge Fernando da Silva, 37 anos, jardineiro, reclama que as famílias não foram avisadas da reintegração de hoje. “O pior é que a gente não tem nem pra onde ir. É difícil. Foram mais de sete anos vivendo aqui no nosso canto e agora temos que passar por uma situação dessas”, disse, enquanto carregava, com dificuldade e sob forte chuva, alguns pertences. Jorge vivia na ocupação com a mulher e dois filhos.

Como não foi informado da desocupação, Jorge lamenta ter perdido muitos de seus móveis e objetos pessoais. “Estou tentando tirar umas coisas que restaram. O que perdemos aqui, o nosso prejuízo, não foi pouco”. De acordo com o capitão Meira, as famílias foram avisadas antecipadamente da ação de hoje.

A desocupação foi acompanhada por agentes do 28º Batalhão da PM. A ordem de reintegração é do juiz Alessander Marcondes França Ramos, da 1ª Vara Cível do Foro Regional 7 de Itaquera.

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