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Exibição de ‘Sabotage’ na cracolândia teve parceria com programa De Braços Abertos

Para o diretor Ivan13P, o filme, que mostra a história de superação do rapper, pode influenciar positivamente os frequentadores da região

danilo ramos

Projeto CineB leva cinema brasileiro para comunidades com pouco ou nenhum acesso ao circuito comercial

São Paulo – Sabotage – O Maestro do Canão, do diretor Ivan13P, foi exibido na noite de ontem (2), na cracolândia, no centro de São Paulo, dentro do projeto CineB, circuito itinerante que leva cinema brasileiro para comunidades da capital e região metropolitana. O filme, que conta a história de um dos ícones do rap nacional, foi exibido ao ar livre em parceria com o programa De Braços Abertos, por iniciativa do secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Eduardo Suplicy. O projeto é apoiado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo.

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Iniciativa foi de Eduardo Suplicy, secretário de Direitos Humanos de SP

“Quando vi o filme no Cine Direitos Humanos, gostei tanto que disse ao Ivan 13P e para o Denis Feijão (diretor e produtor do filme), que seria ótimo exibir o documentário em todos os CEUs de São Paulo e também aqui na cracolândia. Eles acharam uma boa ideia, assim como os coordenadores do programa Braços Abertos e também o prefeito Fernando Haddad”, disse Suplicy.

O coordenador do projeto CineB, Cidálio Oliveira, falou sobre a recepção na cracolândia. “Não tivemos nenhuma rejeição. As pessoas perguntavam se eu ia mesmo para a cracolândia, falavam que eu era maluco. Eu respondia que ia sim. E você está vendo que não tivemos nenhum problema, ninguém falando alto, pessoal pedindo licença. Estou super feliz”, afirmou.

Para Ivan13P, o documentário pode influenciar positivamente os frequentadores da região. “A história do Sabota pode inspirar a galera para o lado positivo. Ele passou por situações que, com certeza, muita gente aqui também passou. De certa forma, através dos esforços pessoais, ele conseguiu sair dessa”, afirmou. “É uma honra e uma oportunidade poder ajudar um programa como o Braços Abertos. A gente teve o prazer de o Suplicy adotar o filme como ferramenta e ter feito esse convite”, disse Denis Feijão.

Implementado pela prefeitura no início de 2014, o programa Braços Abertos oferece para dependentes químicos que moram nas ruas de São Paulo a oportunidade de trabalhar com serviços de zeladoria, com remuneração de R$ 15 ao dia, três refeições diárias, atividades de capacitação profissional, atendimento de saúde, além de vagas em hotéis da região central.

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Frequentadores da região foram elogiados pelos organizadores pela atitude durante a exibição

Beneficiários do programa desde o início, Luciano e Katia falaram sobre a importância da iniciativa para as suas vidas. “Antes dos Braços Abertos eu morava na rua, na barraca que eu tinha aqui na Rua Dino Bueno. Como ficava só na rua, meu uso de droga era constante. Hoje, graças a Deus, eu reduzi bastante, tenho uma moradia e conheci essa mina”, disse Luciano. “Depois que apareceu esse programa, melhorou demais a nossa vida”, completou Katia.

Para o diretor executivo do sindicato Marcelo Gonçalves, o programa mudou a maneira como o poder público lida com o dependente químico em São Paulo. “É transformador. O programa olha para a carência dessa população, que sofre com a dependência química, não com a lógica da repressão, mas sim para melhorar a vida das pessoas”, diz.

Com informações de Felipe Rousselet, do Sindicato dos Bancários de São Paulo