Racismo

Em capa histórica, jornal estampa o atraso do Brasil

Ao noticiar o linchamento de um jovem no Maranhão, 'Extra' lembra a Justiça desigual e compara situação à da escravidão

Reprodução

Cleidenilson, 29 anos, negro, linchado após assaltar um bar em São Luís do Maranhão (abaixo a capa do jornal)

Na edição de hoje (8), o jornal Extra, do Rio de Janeiro, fez uma dura crítica à sociedade brasileira, uma na qual vicejam justiçamentos com as próprias mãos, prática apoiada por grandes contingentes da população, inclusive da imprensa. Ao noticiar o linchamento de Cleidenilson da Silva, na periferia da capital do Maranhão, São Luís, o jornal fez uma comparação entre a situação atual do País e a vivida no período da escravidão. “Os 200 anos entre as duas cenas acima servem de reflexão: evoluímos ou regredimos?”, questionou o Extra, que pertence Grupo Globo, ao exibir a imagem de um escravo sendo açoitado e a de Cleidenilson, que foi despido, amarrado a um poste e espancado com socos, chutes, pedradas e garrafadas após uma tentativa de assalto na segunda-feira 6, em São Cristóvão, bairro de São Luís.

“Se antes os escravos eram chamados à praça para verem com os próprios olhos o corretivo que poupava apenas os ‘homens de sangue azul, juízes, clero, oficiais e vereadores’, hoje avançamos para trás. Cleidenilson da Silva, de 29 anos, negro, jovem e favelado como a imensa maioria das vítimas de nossa violência, foi linchado após assaltar um bar em São Luís, no Maranhão. Se em 1815 a multidão assistia, impotente, à barbárie, em 2015 a maciça maioria aplaude a selvageria. Literalmente – como no subúrbio de São Luís – ou pela internet. Dos 1.817 comentários no Facebook do Extra, 71% apoiaram os feitores contemporâneos”, escreveu o jornal.

De acordo com o jornal carioca, Cleidenilson e um menor de 16 anos teriam tentado assaltar a mão armada um bar em São Cristóvão, mas foram surpreendidos pela reação dos clientes. Enquanto Cleidenilson foi linchado, o menor foi agredido, mas entregue às autoridades.

A Delegacia de Homicídios da capital maranhense, informa o Extra, identificou dois suspeitos pelo crime e investiga a participação de outras pessoas. Todos devem responder pelo crime de homicídio doloso (com intenção de matar) e qualificado, pois a vítima não teve condições de se defender. Segundo informou um delegado ao portal G1, “várias pessoas” que moram no bairro de São Cristóvão participaram do linchamento.

Do site da Carta Capital


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