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Técnicas de programa brasileiro de cisternas são replicadas na Bolívia

Moradores de municípios bolivianos de extrema pobreza passam por capacitação técnica no semiárido nordestino. Programa já chega também ao Paraguai

Fernando Frazão/Agência Brasil

Mais de um milhão de cisternas foram construídas no semiárido brasileiro

Brasília – As técnicas brasileiras de construção de cisternas estão sendo replicadas na Bolívia. A cooperação entre os dois países está mudando a vida de famílias de dois municípios bolivianos – Bentanzos e Tarabuco –, localizados em regiões semelhantes ao semiárido brasileiro e que chegam a ficar até oito meses sem chuva. A extrema pobreza é alta nas duas localidades. Em Tarabuco, por exemplo, 93,5% da população são extremamente pobres.

A cooperação foi feita por meio dos ministérios brasileiros do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e das Relações Exteriores (MRE) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

A partir da experiência brasileira, o governo da Bolívia construiu 350 cisternas de placa na zona rural dos municípios bolivianos. Nesta semana, a diretora do Departamento de Fomento e Estruturação da Produção do MDS, Rocicleide da Silva, visitou algumas comunidades na Bolívia que foram atendidas com cisternas. A ação marca o encerramento do projeto de cooperação técnica, quando serão avaliados os resultados.

Uma delegação brasileira fez a capacitação de pedreiros e gestores bolivianos em agosto de 2013. Antes disso, em abril do mesmo ano, eles acompanharam a construção de cisternas em Caruaru (PE). Depois do treinamento, as comunidades foram mobilizadas e ajudaram a construir as cisternas (aljibes, em espanhol) até o final do ano passado.

Rocicleide explica que a tecnologia social brasileira começou a ser replicada em 2003, com a criação do Programa Cisternas. O programa integra um conjunto de políticas públicas que foram determinantes para a saída do Brasil do Mapa da Fome, segundo a FAO. “Essas ações que promoveram a segurança alimentar e nutricional da população mais pobre são agora referência para outros países, como a Bolívia e o Paraguai”, destaca.

As cooperações técnicas incluem intercâmbios e ações para a implementação de políticas de segurança alimentar e nutricional, como é o caso das cisternas – soluções simples para captar e armazenar água da chuva. Assim, as famílias têm acesso à água de qualidade para beber e cozinhar.

Famílias mobilizadas

José Roberto da Silva é mobilizador social da Diocese Caruaru, entidade filiada à Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), uma das entidades executoras do Programa Cisternas. Ele esteve na Bolívia para participar da capacitação da comunidade local. Segundo o mobilizador, o que mais o impressionou foi a emoção das famílias ao saber que receberiam as cisternas. “Não precisou de muita mobilização para convidar as pessoas para participar da construção. Estavam todos motivados e admirados com a tecnologia social que é fácil de construir”, disse José Roberto.

Segundo ele, assim como no Programa Cisternas do Brasil, na Bolívia foram priorizados os mais carentes. ”Essas cisternas vão dar mais qualidade de vida para eles como têm dado para a população do Semiárido”, completou.

Desde 2003, governo federal instalou mais de 1 milhão de cisternas

Atualmente, há cisternas em 1.330 municípios de todos os estados da região do Semiárido brasileiro, que compreende os nove estados do Nordeste e norte de Minas Gerais. Desde 2003, já foram instaladas 1.166.776 cisternas para consumo humano (somado as cisternas de polietileno, a cargo do Ministério da Integração Nacional e as de placas de cimento, a cargo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome instaladas até maio de 2015). As cisternas para consumo humano beneficiam cerca de 4 milhões de sertanejos.

Dados atualizados do Programa Água para Todos indicam que a região tem capacidade, hoje, para armazenar 22 bilhões de litros de água. Esse número representa a soma da capacidade das cisternas para consumo (água para beber) e para produção (água para animais e agricultura) implantadas com recursos do governo federal desde 2003, inicialmente por meio do Programa Cisternas.

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