Legado

Projeto ‘Ruas de Memória’ é reparação para vítimas da ditadura, diz comissão

Projeto visa a estabelecer diálogo com a sociedade e debater mudança de nomes de espaços públicos que homenageiam agentes da ditadura

Reprodução

Movimentos de direitos humanos vêm insistindo na alteração de nomes de logradouros ligados à ditadura

São Paulo – Em entrevista para a Rádio Brasil Atual, hoje (2), a coordenadora-adjunta de Direito à Memória e à Verdade, Clara Castellano, falou sobre a importância do projeto Ruas da Memória, da prefeitura de São Paulo, e que é necessário “retirar este tipo de homenagem de nossos espaços públicos, pois é uma forma de reparação simbólica importantíssima para as vítimas diretas desses crimes que até hoje não viram seus algozes sendo julgados e punidos”.

“Nós acreditamos que para reverter esse legado autoritário, que nos foi deixado pela ditadura, temos que ter um amplo diálogo com a população. A nossa política não é só de reparação direta às vitimas da violação, mas também são para o conjunto da sociedade. Nós acreditamos que para reverter esse legado, temos que fazer através da educação, da cultura, levando o debate para um público maior, provendo os valores democráticos”, conta.

O projeto, lançado no último final de semana, tem como objetivo alterar os nomes de ruas que homenageiam pessoas ligadas às repressões, torturas e assassinatos que ocorreram durante a ditadura. Segundo levantamento da coordenação de Direito à Memória e à Verdade, 29 logradouros possuem essa característica.

Clara explica que a alteração dos nomes das ruas exige muita burocracia, e que a ideia coletivo é que o processo do projeto seja feito de forma ampliada. “Não pretendemos escrever sozinho o projeto. Queremos dividir a autoria com vereadores, e queremos dialogar com os moradores, pois é necessária a anuência deles, e só conseguiremos através de um debate sobre o que aconteceu durante a ditadura, e a partir dessa sensibilização, a gente possa tirar esses símbolos autoritários da cidade.”

No último domingo (31), na Avenida General Golbery do Couto e Silva, aconteceu a primeira intervenção pública. Estão previstos mais dois atos: na rua Filinto Müller, localizada em São Miguel Paulista (região leste da capital), e na rua Doutor Alcides Cintra Bueno Filho, na Vila Cachoeirinha (zona norte).

A coordenara diz que o projeto ainda está no início, mas já tem sinalização positiva na Câmara dos Vereadores – é necessário que o Legislativo municipal aprove projetos de lei para mudar o nome de logradouros. “Já começamos a articulação com a Câmara, já conversamos com o líder do PT e com a Comissão de Direitos Humanos. Fomos em uma das reuniões da comissão e apresentamos o projeto, e teve bastante interesse dos vereadores. Então, sempre que sempre abrimos o diálogo, encontramos bastante receptividade. Em breve, mandaremos os dois primeiros projetos.”

Ouça a entrevista para a Rádio Brasil Atual: