violência no campo

Trabalhadores rurais denunciam atentado contra acampamento do MST

Cinco homens armados dispararam contra as barracas do acampamento 1º de Maio, no Pontal do paranapanema, mataram um cachorro e atearam fogo aos pertences das famílias

MST

Barraco destruído pelo fogo em atentado ao acampamento 1º de Maio

São Paulo – Cinco homens armados com revólveres e espingardas calibre 12 atacaram o acampamento 1º de Maio, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no município paulista de Euclides da Cunha, na região do Pontal do Paranapanema. O atentado, que ocorreu na manhã do último dia 16, foi denunciado hoje (25) aos ministros do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, e de Direitos Humanos, Pepe Vargas, durante o Dia de Luta do Campo.

Segundo o MST, os homens chegaram de carro, cercaram o acampamento e iniciaram os disparos contra alguns barracos. No momento, só havia uma pessoa no local, que tentou fugir, para salvar sua vida. Um dos homens se aproximou e lhe disse que as famílias teriam 24 horas para sair. Em seguida, deram dois tiros em um cachorro que vivia no acampamento e atearam fogos aos barracos, queimando roupas, eletrodomésticos, móveis e pertences pessoais dos acampados.

As famílias foram à delegacia de Polícia Civil de Euclides da Cunha, registraram um boletim de ocorrência e fizeram a descrição dos acusados. Há indícios que seja proprietário de uma fazenda vizinha, acompanhado de quatro jagunços, segundo o coordenador do MST na região, Cledson Mendes da Silva. O terreno do acampamento, no entanto, pertence à da Ferrovia Paulista (Fepasa).

“Historicamente, no Pontal do Paranapanema sempre houve esse tipo de atentados, mas fazia algum tempo que não ocorriam dessa forma. É um retrocesso e um absurdo. Nós denunciamos e vamos resistir”, diz Mendes.

O acampamento está em fase de construção e é formado em grande parte por ex-funcionários demitidos da Destilaria Alcídia, que foi comprada recentemente pelo Grupo Odebrecht Agroindustrial. Em assembleia, as famílias decidiram permanecer no local, reforçando a vigilância.

O terreno ocupado pelo acampamento 1º de Maio estava abandonado pela Fepasa e era constantemente invadido por fazendeiros para criação de gado ou plantio de cana-de-açúcar. A área está localizada dentro do 15º Perímetro do Pontal do Paranapanema, que soma cerca de 92 mil hectares de terras julgadas devolutas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2010.

MSTpontal do paranapanema
Projéteis calibre 12 e 38 encontrados no acampamento Primeiro de Maio

Marcas de tiros nas paredes e portas dos barracos

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