Trabalhadores rurais denunciam atentado contra acampamento do MST
Cinco homens armados dispararam contra as barracas do acampamento 1º de Maio, no Pontal do paranapanema, mataram um cachorro e atearam fogo aos pertences das famílias
Publicado 25/06/2015 - 17h32
São Paulo – Cinco homens armados com revólveres e espingardas calibre 12 atacaram o acampamento 1º de Maio, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no município paulista de Euclides da Cunha, na região do Pontal do Paranapanema. O atentado, que ocorreu na manhã do último dia 16, foi denunciado hoje (25) aos ministros do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Miguel Rosseto, e de Direitos Humanos, Pepe Vargas, durante o Dia de Luta do Campo.
Segundo o MST, os homens chegaram de carro, cercaram o acampamento e iniciaram os disparos contra alguns barracos. No momento, só havia uma pessoa no local, que tentou fugir, para salvar sua vida. Um dos homens se aproximou e lhe disse que as famílias teriam 24 horas para sair. Em seguida, deram dois tiros em um cachorro que vivia no acampamento e atearam fogos aos barracos, queimando roupas, eletrodomésticos, móveis e pertences pessoais dos acampados.
As famílias foram à delegacia de Polícia Civil de Euclides da Cunha, registraram um boletim de ocorrência e fizeram a descrição dos acusados. Há indícios que seja proprietário de uma fazenda vizinha, acompanhado de quatro jagunços, segundo o coordenador do MST na região, Cledson Mendes da Silva. O terreno do acampamento, no entanto, pertence à da Ferrovia Paulista (Fepasa).
“Historicamente, no Pontal do Paranapanema sempre houve esse tipo de atentados, mas fazia algum tempo que não ocorriam dessa forma. É um retrocesso e um absurdo. Nós denunciamos e vamos resistir”, diz Mendes.
O acampamento está em fase de construção e é formado em grande parte por ex-funcionários demitidos da Destilaria Alcídia, que foi comprada recentemente pelo Grupo Odebrecht Agroindustrial. Em assembleia, as famílias decidiram permanecer no local, reforçando a vigilância.
O terreno ocupado pelo acampamento 1º de Maio estava abandonado pela Fepasa e era constantemente invadido por fazendeiros para criação de gado ou plantio de cana-de-açúcar. A área está localizada dentro do 15º Perímetro do Pontal do Paranapanema, que soma cerca de 92 mil hectares de terras julgadas devolutas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2010.