Desinformação

Banalização da violência deforma opinião sobre redução da maioridade’, afirma Sottili

Segundo o secretário-adjunto de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo, cerca de 180 jovens morrem a cada dois dias no Brasil

Reprodução/Vitor Teixeira

Para Sottili, mídia distorce a realidade, pois adolescente não é o algoz da violência, mas a vítima

São Paulo – “É fácil entender por que 80% da sociedade defende a redução da maioridade penal. A banalização da violência, a manipulação da informação por parte da grande mídia, faz com que se construa um caos nacional como se todos os jovens fossem responsáveis pela violência”, afirma o secretário-adjunto da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, Rogério Sottili, em entrevista à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil Atual.

O secretário lembra que a mídia se comporta de maneira equivocada, pois quando o jovem comete o crime ele é imediatamente colocado em todas as páginas de jornais e nas principais redes de televisão por vários minutos. Ele reitera que o adolescente não é o algoz da violência, mas a vítima. “São assassinados 180 jovens a cada 48 horas no Brasil, ou seja, estamos falando de um boeing em dois dias. Ouvimos o menino perguntar “Por que o senhor atirou em mim?” e não entendemos o que isso significa. O jovem está sendo assassinado.”

“A população que está informada de forma equivocada não tem responsabilidade sobre isso. Ela precisa ser mais bem-informada, e essa informação, já que a grande mídia não faz, depende de nós”, afirma.

No Uruguai, 80% da população também era favorável à redução da maioridade penal no país, porém a campanha “No a la baja” (não à redução) reverteu a opinião da sociedade e a lei foi barrada. “O Brasil não é o Uruguai, as complexidades são outras, mas também nos mostrou que temos que ter a capacidade de dialogar com todo mundo. A redução da maioridade penal seria um tiro no pé, um agravamento da crise e da violência no país. Iremos proporcionar à juventude que é vítima da violência uma escola da criminalidade, porque é disso que se trata nosso sistema penitenciário atualmente.”

Vários movimentos contra a redução da maioridade penal estão aparecendo, como o Amanhecer Contra a Redução, com ativistas em vigília acampados em Brasília, e o movimento 15 contra 16, de Itaquera, zona leste da capital, que deve ocorrer no início de agosto.

“A luta não acabou, vai ter o Supremo, vai ter o Senado, a sociedade está se mobilizando para levar essa informação. Temos que ter a capacidade de fazer uma mobilização criativa, para falar uma linguagem que as pessoas entendam, sem aquela linguagem do negativismo.”

Ouça a reportagem de Marilu Cabañas na Rádio Brasil Atual.

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