violência policial

Mãe de militante sem-teto baleado em São Paulo quer que policial seja responsabilizado

Jovem foi internado no Hospital da Santa Casa de Misericórdia e passa bem, mas ainda não tem previsão de alta

Nelson Antoine/Frame/Folhapress

Prédio em que Sidney foi baleado está ocupado por 74 famílias ligadas à FLM, desde novembro de 2011

São Paulo – A militante da Frente de Luta por Moradia (FLM) Carmem Ferreira da Silva, mãe de Sidney Ferreira Silva, baleado no fim da tarde de ontem (3) durante um churrasco em frente a uma ocupação da entidade na Avenida Rio Branco, 47, região central de São Paulo, vai cobrar a responsabilidade do policial militar que efetuou o disparo. “Nós já tomamos nossas providências. Fizemos o Boletim de Ocorrência, vamos aguardar o inquérito e queremos que seja feita justiça”, explicou Carmem, que garante que não houve qualquer ameaça ou tentativa de agressão por parte de Sidney contra os policiais.

Segundo a militante da FLM, um grupo de moradores estava fazendo um churrasco em frente a uma ocupação na Avenida Rio Branco, na região de Campos Elíseos, quando ela foi ao local, por volta de 18h. Ela estava conversando com o filho para que não exagerasse na bebida, quando uma viatura da Polícia Militar (PM) se aproximou com dois policiais.

“O policial desceu do carro já com a arma em punho, mandando meu filho largar as facas que ele estava usando para preparar o churrasco. E dizendo que ia atirar se o Sidney não largasse. Meu filho levantou os braços e disse que não estava acontecendo nada demais, que era uma festa de trabalhadores, famílias da ocupação. Quando estava a uns dois metros de distância ele atirou”, contou Carmem, que estava ao lado do filho.

O PM atingiu Sidney na altura da cintura. A bala atravessou o corpo, causando uma fratura no fêmur. Ele está em observação desde as 19h de ontem, no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Segundo Carmem, a equipe médica está avaliando a necessidade de uma cirurgia para tratamento da fratura. O caso foi registrado no 2º Distrito Policial (DP), no Bom Retiro.

“Não deixamos ninguém mexer nele. Só tentamos mantê-lo acordado até a chegada do socorro, que levou uns 40 minutos”, relatou a militante da FLM. Carmem contou ainda que os policiais chamaram socorro, mas apareceram somente outras viaturas da PM e até da Polícia Civil.

Para ela houve exagero do policial. “Se eu tivesse dado um passo para a frente ele tinha atirado em mim. O PM estava nervoso. Por sorte tinha muita gente e conseguimos cuidar do Sidney”, afirmou. Ainda não há previsão de quando o filho dela terá alta do hospital.

A PM informou por meio de nota que está apurando as circunstâncias do ocorrido e que os policiais foram ao local após ter sido acionados por populares. Segundo a PM, o motivo do disparo foi a desobediência de Sidney a uma ordem policial.

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