seca em são paulo

Nível do Sistema Cantareira tem primeira queda em três meses

Volume de chuvas e de água que entra nos reservatórios também caiu sensivelmente em abril. Parte das obras anunciadas pelo governo Alckmin para enfrentar a crise segue parada

Iatã Cannabrava

Apesar do aumento no volume de água nos últimos três meses, o nível do Cantareira está 20,2% abaixo do de 2014

São Paulo – Os reservatórios do Sistema Cantareira apresentaram hoje (28) a primeira queda na quantidade de água armazenada, nos últimos três meses: 0,1% a menos, em relação a ontem (27). Com isso, o sistema está hoje com -9,2% de seu volume útil, operando com o volume morto. Apesar da queda pequena no armazenamento, outros indicadores demonstram que o sistema não deve apresentar novas cheias até o início do próximo período de chuvas, que começa em outubro, com a chegada da primavera.

Além da quantidade de água, o volume de chuvas diminuiu bastante em abril, em relação às chuvas corridas em fevereiro e março. Enquanto no mês passado, as chuvas ficaram 14% abaixo da média, neste mês elas estão 50% abaixo. E os próximos cinco meses configuram oficialmente o chamado período seco.

A vazão afluente – entrada de água – no Cantareira também está diminuindo. Em fevereiro e março, o volume de água que entrou nos reservatórios foi de 36,55 e 38,14 mil litros por segundo, respectivamente. Em abril, a entrada de água está em 16,45 mil litros por segundo, em média. O que equivale a 38,1% da média histórica.

O sistema Cantareira é o maior reservatório da região metropolitana de São Paulo. Com a crise – admitida pelo governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), em 20 de janeiro do ano passado – teve sua capacidade de produção de água tratada reduzida gradativamente e hoje abastece 6,6 milhões de pessoas nas zonas norte, leste e central de São Paulo.

No dia 28 de abril de 2014, os reservatórios que abastecem a região metropolitana de São Paulo estavam em melhores condições do que hoje. Os sistemas mais demandados estão com o nível mais baixo do que no mesmo período do ano passado.

O Cantareira estava com 11% do volume útil, hoje está em -9,2%. E o Sistema Alto Tietê tinha 36,3%, agora tem 22,4%. O Rio Claro está com 47,7%, contra 101,6% em abril do ano passado. O reservatório Guarapiranga está com 82,1% contra 78,2% do ano passado. A represa Billings (Sistema Rio Grande) está praticamente com os mesmos 96% do ano passado. A melhor situação é do Alto Cotia, que tinha 51,3% em 2014 e está com 65,7%.

No total, o conjunto dos reservatórios que abastecem a região estão hoje com 31,6% do volume total de água.

Obras paradas

A ligação entre os sistemas Rio Grande, em Ribeirão Pires, e Alto Tietê, em Suzano, que levaria 4 mil litros de água do primeiro para o segundo, contabiliza hoje três meses de atraso. O governador Alckmin prometeu entregar a obra em maio. Orçado em R$ 130 milhões, o empreendimento consiste na construção de 11 quilômetros de dutos e duas estações elevatórias de água, para aproveitar a capacidade ociosa de tratamento no Alto Tietê, que reduziu a produção devida ao baixo volume de água no local. A Sabesp prevê a conclusão da obra em agosto.

Outra obra proposta por Alckmin para enfrentar a seca, a transposição do Rio Paraíba do Sul, que abastece o estado do Rio de Janeiro, para o sistema Cantareira, também não tem previsão para ser iniciada. Orçada em R$ 830 milhões, a obra deve levar 18 meses e estava prevista para ser concluída em dezembro de 2016.

Porém, no dia 18 de março, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) mandou a Sabesp refazer o edital de licitação emergencial. O plenário do colegiado acatou pedido da construtora Queiroz Galvão, de que o documento contém restrições excessivas para a participação das empresas, o que poderia impedir a ampla concorrência.

Outro ponto que o TCE mandou corrigir é que o edital previa apenas uma empresa ou consórcio para realizar todas as ações relativas à obra: projetos – básico e executivo – e construção de todo o sistema. O relator do processo, conselheiro Renato Martins Costa, defendeu que é preciso distribuir a obra em partes, “assegurando àquelas (empreiteiras) dotadas de capacitações diversas acesso a objetos de complexidade e dimensão mais compatíveis com suas habilitações”. Ainda não há previsão de quando será publicado o novo edital.

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