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Apesar de mais emprego formal, 40% dos moradores de favelas querem empreender

Estudo mostra que 53% dos moradores de favelas têm emprego com carteira assinada, 18% trabalham como autônomos, 17% atuam na informalidade e 7% são empregadores

Valdmir Platonow/ABr

Política social: estudo mostra que um em cada quatro lares tem pelo menos um morador que recebeu o Bolsa Família

São Paulo – O emprego formal é um dos principais responsáveis pela melhoria das condições de vida dos moradores das favelas nos últimos anos, de acordo com pesquisa do Instituto Data Favela, divulgada hoje (3) e realizada com apoio do Instituto Data Popular e da Central Única das Favelas (Cufa). Apesar disso, quatro em cada dez moradores de favelas sonham em abrir um negócio próprio.

Deles, 51% são mulheres e 87% disseram que já tomaram alguma iniciativa para tornar viável o projeto nos últimos 12 meses. Ao todo, 53% dos moradores de favelas têm emprego com carteira assinada, 18% trabalham como autônomos, 17% atuam na informalidade e 7% são empregadores.

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“São pessoas que passaram a ter direito a férias ou 13º, mas que não estão acomodadas nessa situação. Exatamente por isso que querem empreender”, afirma o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles. “A classe C da favela cresceu graças ao emprego formal e vai continuar crescendo graças ao empreendedorismo. O crédito tem sido um aliado importante para que essas pessoas melhorem de vida cada vez mais. O grande desafio é não deixar que o credito enrole a vida delas. Junto com o aumento do consumo tem que vir um processo de educação financeira.”

A maioria dos potenciais empreendedores (63%) quer montar o negócio na própria comunidade e 19%, em bairro próximo. Não ter chefe é a principal vantagem para 29% dos que querem empreender. Para 22%, a melhor coisa de um negócio próprio é ter uma fonte de renda, enquanto 20% querem ganhar mais, 11%, fazer o que gostam, e 8% pensam em liberdade de horário.

“Parece que a geração de mais de 20 milhões de empregos formais nos últimos 12 anos ocorreu naturalmente, mas não ocorreu. A questão da empregabilidade é um esforço do governo brasileiro”, afirmou a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, durante a apresentação da pesquisa, em São Paulo.

As 12,3 milhões de pessoas que vivem em favelas movimentam R$ 68,6 bilhões por ano. Ainda assim, o programa Bolsa Família tem papel importante na complementação de renda dos moradores de favelas: um em cada quatro lares tem pelo menos um morador que recebeu o benefício. O índice chega a 58% em Fortaleza, 40% em Recife e 32% em Belém.

“A economia capitalista é desigual. Há um discurso vulgar de que o pobre está consumindo e ostentando. Não! Ostentação é aquela Avenida Paulista com Mercedes-Benz e lojas com bolsas de R$ 12 mil. Isso é ostentação e nunca foi condenado como tal. Aí quando o favelado compra o carro do ano, faz churrasco no fim de semana e viaja de avião é ostentação?”, questiona o presidente da Cufa, Preto Zezé.

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