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Governo reforça canal para denunciar exploração de crianças no carnaval

Número de atendentes no Disque 100 será ampliado durante os dias de folia. Trabalhadores do setor de turismo foram sensibilizados para denunciar violações de direitos

sdh / reprodução

Peça de campanha do governo federal para conscientizar população sobre exploração infantil durante o carnaval

São Paulo – A Secretaria de Direitos Humanos e o Ministério do Turismo vão reforçar o canal de denúncias Disque 100 para prevenir e coibir exploração sexual de crianças e de adolescentes durante o carnaval, período em que tradicionalmente o país recebe muitos turistas. Além disso, os órgãos vão produzir peças publicitárias específicas incentivando as denúncias, em português e espanhol, e reforçar o trabalho de prevenção junto aos empresários do setor turístico.

As medidas, já em prática, foram anunciadas na manhã de hoje (6) pelo ministro do Turismo, Vinicius Lages, e pela ministra de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, durante um bate-papo online, que marcou o lançamento da campanha “Proteja – Não Desvie o Olhar”. A ação tem por objetivo conscientizar a sociedade sobre a importância de prevenir e denunciar possíveis casos de violação de direitos das crianças e adolescentes durante o carnaval. Pelo menos 6,8 milhões de turistas devem viajar pelo Brasil para aproveitar desfiles de escolas de samba e blocos de rua, segundo o Ministério do Turismo.

“O Disque 100, principal instrumento de denúncia, funciona em regime de 24h ininterrupto, todos os dias da semana, e no carnaval vamos intensificar o número de pessoas para fazer atendimento. Quem denuncia não precisa se identificar se não quiser. Essa rede permite que rapidamente se acione o conselho tutelar ou a autoridade judicial para que a violência possa ser contida”, afirmou a ministra Ideli. “Durante o carnaval focamos a campanha nas crianças e adolescentes, mas se o cidadão notar qualquer tipo de violação envolvendo idoso, pessoa com deficiência, população em situação de rua, LGBTs, qualquer segmento da sociedade, também deve fazer a denúncia.”

Na dúvida, denuncie

A rede conta também com um aplicativo para smartphones laçado no ano passado, durante a Copa do Mundo, chamado Projeta Brasil. A partir da localização do celular, a ferramenta disponibiliza um mapa de todos os equipamentos para denúncias nas proximidades. Foram realizados pelo menos 14 mil downloads nas plataformas App Store e Android e 642 ligações diretas pela ferramenta durante os dias do Mundial de futebol.

“Queremos pedir ainda mais a colaboração de todos os brasileiros. Tem uma regra: na dúvida, denuncie. Até porque a pessoa vai receber orientação e esclarecimento para avaliar se o caso se configurar como uma violação e se for ela será encaminhada para as autoridades mais próximas”, afirma a ministra.

Inaugurado há dez anos, o Disque 100 recebe por ano, em média, 90 mil denúncias, incluindo violência física contra de violência contra crianças e adolescentes, violência sexual, abandono, pressão psicológica e trabalho infantil. A partir das denúncias, o governo federal identifica os locais onde os casos ocorrem com mais frequência e planeja ações de prevenção. A Secretaria de Direitos Humanos não acredita, no entanto, que o número de casos tenha aumentado, mas sim que a população passou a denunciar mais.

Para o carnaval, outra ação importante foi a sensibilização de profissionais que trabalham com turismo para denunciar a violação de direitos das crianças, entre eles taxistas, garçons e trabalhadores do setor hoteleiro, além de caminhoneiros e policiais rodoviários e federais. Só em 2014, pelo menos 2 mil pessoas participaram das ações de mobilização. Em 2015, deverão ser realizadas palestras em 23 dos 65 principais destinos indutores de turismo do país, incluindo favelas pacificadas no Rio de Janeiro.

“Realizamos uma série de palestras de sensibilização nos destinos indutores, que recebem mais turistas, e em mais 22 capitais. Fizemos reuniões com secretários municipais de Turismo e com todos os estaduais de Turismo para atingir cada vez mais as cidades mais do interior”, afirma Vinicius Lages. “O fenômeno da violência e do abuso ultrapassa a questão das desigualdades sociais. Ele tem traços históricos e culturais. Há uma complacência e uma cultura do machismo, que precisam ser enfrentadas. É estrategicamente é muito importante para o Brasil que saibamos comunicar para o mundo o esforço do país em proteger jovens e crianças.”

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