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Índice de homicídios entre jovens de 12 a 18 anos aumenta 17% desde 2011

Segundo estudo divulgado pela Secretaria de Direitos Humanos, mais de 42 mil adolescentes poderão ser vítimas de homicídio nos municípios brasileiros de mais de 100 mil habitantes entre 2013 e 2019

Tânia Rêgo/Agência Brasil

Ideli: “É uma ação na construção de um plano nacional para prevenir mortes e acabar com esse ciclo de violência”

São Paulo – A possibilidade de jovens negros serem assassinados no Brasil é 2,96 vezes maior do que a de jovens brancos, se considerado o universo de adolescentes de 12 a 18 anos em situação de vulnerabilidade no país. Outro dado preocupante: mais de 42 mil adolescentes poderão ser vítimas de homicídio nos municípios brasileiros de mais de 100 mil habitantes entre 2013 e 2019, o que significa que para cada grupo de mil pessoas com 12 anos completos em 2012, 3,32 correm o risco de serem assassinadas antes de atingirem os 19 anos de idade.

Esses dados, que mostram a face cega do preconceito e da violência no país, foram divulgados hoje (28) pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH), Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Observatório de Favelas e Laboratório de Análise da Violência da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LAV-Uerj). As informações fazem parte da 5ª edição do Índice de Homicídios na Adolescência (IHA). Na projeção de mortes até 2019, a taxa representa um aumento de 17% em relação a 2011, quando o IHA chegou a 2,84.

Outro dado chama a atenção para a questão de gênero na violência contra os jovens. Os adolescentes do sexo masculino apresentam um risco 11,92 vezes superior ao das meninas, sendo a arma de fogo o principal meio utilizado nos assassinatos de jovens brasileiros.

O estudo contribui para a avaliação e definição das políticas de prevenção à violência. Também ao apresentar a pesquisa hoje no Rio de Janeiro, a ministra da SDH, Ideli Salvatti, anunciou a criação de um grupo de trabalho interministerial para elaborar um plano nacional para enfrentar a violência letal de crianças e adolescentes. Segundo a ministra, será prioridade fortalecer as ações de promoção e defesa dos direitos de crianças e adolescentes em âmbito nacional, com foco na redução da violência.

“É uma ação do governo federal na construção de um plano nacional para prevenir as mortes de adolescentes e acabar com esse ciclo de violência ”, destacou. Além da SDH, o grupo será composto por representantes da SecretariaNacional de Juventudee Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. No entanto, outros órgãos poderão aderir à iniciativa no plano que deve ser lançado ainda em 2015.

De acordo com os dados, a região Nordeste apresenta a maior incidência de violência letal contra adolescentes, com um índice igual a 5,97. Em contrapartida, o Sudeste possui o menor valor, com uma perda de 2,25 jovens em cada mil. Foi verificada ainda uma redução na mortalidade na região Sul, para 2,44.

Atualmente, os homicídios representam 36,5% das causas de morte dos adolescentes no país, enquanto para a população total correspondem a 4,8%. Para a elaboração do IHA, foram analisados 288 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes. O levantamento tem como base os dados dos censos 2000 e 2010, do IBGE, e do Sistema de Informações sobre Mortalidade, do Ministério da Saúde. O IHA faz parte das ações do Programa de Redução da Violência Letal Contra Adolescentes e Jovens (PRVL), criado em 2007.

Confira os dados da pesquisa

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