CPI das universidades

Depoimento revela violência e humilhação em trotes na PUC de Sorocaba

Ingestão de vômito alheio, de fezes e urina na cabeça estariam entre as práticas promovidas em trote na instituição de ensino no interior de São Paulo, segundo depoimento de aluno

Maurício G. de Souza/Alesp

Rodolfo Furlan, um dos criadores do GAP, mora nos EUA e prestou depoimento à CPI via Skype

São Paulo – O Grupo de Apoio ao Primeiranista (GAP), formado por alunos do curso de Medicina da PUC de Sorocaba, apresentou em audiência encerrada na noite de ontem (14), na CPI das Universidades, na Assembleia Legislativa de São Paulo, um documento sobre os trotes na faculdade. Segundo Rodolfo Furlan, um dos criadores do GAP, que atualmente mora e estuda nos Estados Unidos e prestou depoimento via Skype, há dois tipos de trote sofrido pelos alunos. O mais simples consiste em corte do cabelo do calouro, pintura do corpo, obrigatoriedade do uso da camiseta; e outro mais sofisticado, incluindo a ingestão de vômito alheio, urina na cabeça e ingestão de fezes. O aluno estuda nos EUA por meio de intercâmbio, mas deve voltar à faculdade de Sorocaba.

De acordo com Rodolfo, haveria nos trotes a participação de alunos e médicos formados, que seriam conhecidos apenas por apelidos. O rapaz contou que a alcunha de um dos veteranos mais violentos seria “Pior”, que, segundo o depoimento, se formou em 2014. Quando aluno, contou Rodolfo, “Pior” teria o costume de intimidar os calouros pelo Facebook. “O Pior era o líder do trote na PUC Sorocaba”, afirmou.

O ex-aluno contou que o GAP se viu forçado a investigar os crimes cometidos contra os calouros por omissão das autoridades universitárias.

O professor Antonio Almeida, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP, que participou da audiência da CPI, disse ter conhecido Rodolfo quando este o procurou e o convidou para participar de um simpósio que mostrava que a PUC Sorocaba tinha um dos trotes mais violentos das faculdades paulistas.

Segundo Almeida, tanto alunos como professores deveriam ser chamados pela CPI. Ele relatou que o documento preparado pelo GAP mostrava uma foto na qual se via um estudante assistindo aula com uma focinheira, o que demonstra conivência do professor.

A estudante Jade Gonçalves Ribeiro, da Esalq, relatou à CPI práticas que levam os alunos a humilhações, nudismo, escatologia e doping em festas com o intuito de estuprar as estudantes, entre outros objetivos. Um dos trotes seria conhecido Ralo Monstro: alunos despidos e bêbados são levados a um canavial, onde são abandonados para voltarem nus às repúblicas.

De acordo com Antonio Almeida, o Ralo Monstro é uma prática antiga na Esalq, denunciada por ele em artigo escrito para a imprensa de Piracicaba em 2002. “De lá para cá, ninguém pode alegar que desconhece esse trote”, afirmou.

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