CPI

‘Atlética nunca contratou nenhuma prostituta’, diz aluno da Medicina da USP

Depoimentos de estudantes divergem sobre abusos cometidos em festas promovidas por associação para angariar fundos; funcionário teria estuprado aluna depois que pagou para ficar com prostituta

Imprensa/Alesp

O deputado Adriano Diogo, presidente do colegiado, e alunos ligados à Atlética, que promove ‘megafestas’

São Paulo – Alunos ligados à Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz (Aaaoc), da Faculdade de Medicina da USP, negaram violências contra os direitos humanos e diversos abusos que, segundo relatos e denúncias, ocorreriam nas festas promovidas pelo clube, que perturbariam inclusive doentes internados nas dependências do hospital da instituição.

Eles afirmaram, em depoimento encerrado na noite de ontem (28), desconhecer trotes violentos e responderam sobre as festas que promovem. Segundo Diego Vinicius Santinelli Pestana, atual presidente da Atlética, a entidade depende das festas para sobreviver financeiramente. “Cada vez mais dependemos das festas. A minha preocupação agora é procurar novas fontes de renda para não voltar a fazer as festas. Óbvio que gostamos das festas. Nós somos jovens. Mas se a gente pudesse optar, elas não seriam feitas do jeito que são feitas”, afirmou.

O ex-tesoureiro da Atlética Raphael Kaeriyama e Silva, cuja gestão foi em 2011, negou a contratação de prostitutas para essas festas. “A Atlética nunca contratou e não contrata nenhuma prostituta. Não sei essa pergunta em relação a quanto dinheiro é repassado para a contratação dessas garotas. Eu posso afirmar categoricamente que em 2011, quando fui tesoureiro, não foi repassado nenhum dinheiro para a contratação de prostitutas.”

A declaração de Silva foi desmentida por Felipe Scalisa, estudante da FMUSP e integrante do Núcleo de Estudos em Gênero, Saúde e Sexualidade (Negss). Scalisa citou o relato de uma jovem, vítima de estupro, que foi encontrada “seminua com um cara em cima dela”. “Esse foi o estado em que ela foi encontrada e isso está no processo policial. O funcionário que estuprou a aluna relatou, em sua defesa no processo, que pagou o segurança da barraca (na festa) para transar com uma das prostitutas, entrou lá dentro e não tinha nenhuma”. Segundo o relato, na falta de uma profissional, o homem teria “transado” com a aluna.

Sobre a organização financeira da Atlética, o ex-tesoureiro Silva disse que, em 2011, os gastos não chegaram a R$ 100 mil, que o clube recebe R$ 200 mil de usuários externos e arrecada outros R$ 200 mil com duas “megafestas”, chamadas “Carecas no Bosque” e “Fantasias no Bosque”.

Segundo o presidente da Atlética, o patrocínio de empresas de bebidas diminuiu. “Desde a morte do calouro, a gente acabou ficando com dificuldade de obter os patrocínios”, disse, em referência ao estudante Edison Tsung Chi Hsueh, que morreu afogado em 22 de fevereiro de 1999 numa festa.

Para o presidente da CPI, deputado Adriano Diogo (PT), os alunos ligados à Atlética não têm necessariamente “maldade” intencional em seus depoimentos. “As respostas são quase infantis. Não acho que têm maldade, que têm uma intenção de mentir, esconder. Eles acreditam que têm que fazer esse empreendedorismo, montar essas tremendas festas. Não são todos que fazem a loucura. A loucura é de um grupo de pessoas encasteladas nesses núcleos. Esses meninos que vieram aqui, depuseram, deram uma grande contribuição.”

Ouça abaixo reportagem da Rádio Brasil Atual

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