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Manifestantes marcham contra reajuste das tarifas em ruas da zona leste de SP

Aproximadamente 8 mil pessoas, segundo o MPL, marcharam pelas ruas do Tatuapé até chegarem à Radial Leste, por onde seguiram até o Largo do Belém

mpl/reprodução

Marcha pelas ruas do Tatuapé conta com a participação de 8 mil manifestantes, segundo o MPL, e de 5 mil, segundo a PM

São Paulo – O terceiro ato contra o reajuste das tarifas de ônibus, trem e metrô em São Paulo realizado pelo Movimento Passe Livre (MPL) terminou pouco depois das 21h desta terça-feira (20) sem que houvesse conflitos com a Polícia Militar. A marcha teve início na Praça Silvio Romero, no Tatuapé, na zona leste, e percorreu ruas do bairro em direção à Avenida Radial Leste, por onde caminharam até o Largo do Belém. Segundo o MPL, foram cerca de 8 mil manifestantes; a Polícia Militar fala em 5 mil.

Depois dos atos dos últimos dias 9 e 16 terem acabado com forte repressão policial, a Polícia Militar reduziu o efetivo na manifestação de hoje para metade do que vem utilizando. São 450 homens, segundo o capitão Storai.

“Respeitamos o direito de manifestação, mas temos de defender um bem maior que é a ordem pública. Se a manifestação for pacífica não haverá problemas, mas não ficaremos indiferentes a depredações”, avisou o oficial.

O clima esteve tenso em alguns momentos. Alguns PMs estão portando arma de fogo. A PM havia avisado que não iria permitir que os manifestantes ocupassem a Radial Leste, e esperava dispersar a manifestação antes de chegar à avenida, mas isso não ocorreu. O sentido centro da avenida ficou bloqueado pelo protesto.

Fabrício Ferrone, de 27 anos, estudante de Filosofia, mora no centro, e foi em todas as manifestações. “A luta pelo transporte público, pela moradia, pela cidade tem de ser feita. A violência policial reforça a ideia que temos de que não podemos sair das ruas. Estamos resistindo.”

O MPL disse que a decisão de promover o ato na zona leste foi uma demanda da comunidade local. A ideia é descentralizar as ações e dialogar com os movimentos que já se organizam na periferia pro um transporte de qualidade.

“A discussão é ampla e atinge quem mora em toda a cidade. Quem mora na periferia paga as maiores tarifas porque quase sempre tem de pegar mais de um ônibus, ou pegar ônibus e metrô. Queremos manter a discussão viva em todos os cantos”, disse Letícia Cardoso, representante do MPL.

Fernanda Agostinho, de 31 anos, educadora, vai participar do ato: “Apoio que o movimento ocupe toda a cidade com a luta pela tarifa zero.” Ela mora em São Matheus e trabalha no centro, pega dois ônibus e dois metrôs por dia, pelo menos. “Acho o transporte ruim e caro. Gostaria de ficar menos tempo esperando um ônibus e ter mais tempo para as minhas atividades pessoais.”

A educadora participou dos outros dois atos, e sofreu violência policial. “Acho a postura da PM cruel e antidemocrática. E lamentável. Mas não vou deixar de vir porque somos atacados.”

O metalúrgico Laércio Gomes Soares, de 42 anos, participa de todo tipo de manifestação popular. Mora em São Matheus e nao vê sentindo na realização do ato no Tatuapé, em uma área residencial. “Não tem ninguém na rua, ninguém está vendo. Manifestação tem que ser onde tem grande concentração de pessoas.” Sobre a PM, ele diz: ” São nossos inimigos. Não tem diálogo. É impossível conversar com PM”.

As tarifas de ônibus e metrô subiram no último dia 6, de R$ 3 para R$ 3,50. O MPL publicou um manifesto em sua página no Facebook: “Estudos das contas do transporte, de iniciativa da própria prefeitura, acabaram de provar que as empresas de ônibus lucram mais do que o permitido na licitação e ainda por cima desviaram R$ 6 bilhões nos últimos dez anos. Para piorar, muitos ônibus já circulam sem cobrador. Isso sobrecarrega os motoristas, diminui nossa segurança e aumenta mais ainda os lucros da máfia do transporte. Precisamos reduzir o lucro dos empresários e cobrar o dinheiro roubado dos passageiros”.

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