São Bernardo do Campo – Os prefeitos do ABCD confirmaram nesta segunda-feira (22) a implementação da gratuidade no transporte público para estudantes da região. A iniciativa segue tendência apontada por São Paulo, cujo prefeito, Fernando Haddad, obteve na quinta-feira (18) autorização da Câmara Municipal para adotar a tarifa zero para estudantes de baixa renda.

Anunciada em reunião do Consórcio Intermunicipal, fórum que discute os problemas da região do ABCD, a medida valerá tanto para os alunos da rede pública como para instituições privadas de ensino, o que possibilitará a inclusão de beneficiários de programas como ProUni (Programa Universidade para Todos) e Fies (Fundo de Financiamento Estudantil).

Com a iniciativa, o estudante, que hoje paga metade do valor da tarifa, ficará isento da passagem. O presidente do Consórcio, Luiz Marinho, explicou que o conceito é diferente do chamado passe livre. “O passe livre significa poder fazer quantas viagens desejar gratuitamente. Neste caso, a passagem gratuita ao estudante é para ida e volta do endereço escolar”, ressaltou.

O Consórcio ainda não fechou a planilha com o valor do custos para a criação da gratuidade. A quantidade de beneficiários também não foi informada, mas algumas prefeituras já têm a estimativa, caso de Santo André, onde 110 mil serão beneficiados, além de seis mil em Mauá e sete mil em Rio Grande da Serra.

Com a mudança, metade da passagem continuará sendo custeada pelo poder público, enquanto que o restante será embutido no reajuste tarifário. São Bernardo e Santo André deixarão de subsidiar R$ 0,20 do valor atual. Em São Bernardo, isso significará redução de R$ 3,6 milhões para R$ 2,6 milhões mensais. Já em Santo André, passará de R$ 2 milhões para R$ 800 mil por mês.

A reunião desta segunda foi acompanhada por integrantes do Comitê Regional Unificado contra o aumento das passagens no ABCD, que protestaram com o aumento na tarifa. Os manifestantes entregaram pauta de reivindicações aos prefeitos, com pedidos como a ampliação da gratuidade e congelamento do valor atual. “O que defendemos é tarifa zero para todas as pessoas e revogação do aumento da tarifa. Têm muitas formas de subsidiar isso, como a municipalização do transporte”, argumentou Francisco Oliveira, do Movimento Passe Livre.

Nova tarifa

O novo valor da passagem no ABCD ainda não está definido. Os prefeitos aguardam a decisão no prefeito de São Paulo, Fernando Haddad para anunciar o reajuste. “Na medida em que sair a decisão, estaremos acompanhando o mesmo índice de reajuste nas tarifas e naturalmente junto a gratuidade das passagens integrais de estudante, até para facilitar do ponto de vista de comunicação. Pretendemos acompanhar também o dia da validade da nova tarifa”, disse Marinho. Hoje a passagem dos ônibus municipais é de R$ 3 na Região, exceto em Rio Grande da Serra, onde a tarifa custa R$ 2,90. O reajuste no transporte na Região terá validade de dois anos.

O presidente do Consórcio ressaltou a necessidade de amplo debate sobre o transporte público no País, incluindo a participação das esferas estadual e federal, para avaliar a possibilidade de aumento do subsídio no setor e a integração entre as cidades da Grande São Paulo com a criação de um bilhete metropolitano.

Os prefeitos de Mauá, Donisete Braga, de Santo André, Carlos Grana, e de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão, ainda se reuniram no anfiteatro do Consórcio com os membros do Comitê Regional Unificado para explicar como será a gratuidade para estudantes e ouvir as reivindicações do movimento. “Essa é uma reivindicação antiga e esse não é um passo desprezível, é um passo importante que deve ser valorizado”, ressaltou Grana.