Ditadura

Lista da CNV traz 377 autores de violações, incluindo ex-presidentes

'O nosso relatório é músculo e osso. Fatos, fatos, fatos', diz Pedro Dallari. 'Tivemos muito cuidado na elaboração dessa lista'

Castello Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo: ditaduras e responsabilidade político-institucional

São Paulo – O documento divulgado hoje (10) pela Comissão Nacional da Verdade relaciona 377 nomes que, na avaliação do colegiado, se identificam como autores de graves violações de direitos humanos, vinculados a um “plano de responsabilidade político-institucional”. Estão ali os ex-presidentes militares Humberto de Alencar Castello Branco, Arthur da Costa e Silva, Emilio Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo. Também se incluem nomes conhecidos, como o de José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo, do coronel Sebastião Curió, do coronel Wilson Machado (envolvido no caso Riocentro, de 1981), do general Newton Cruz, do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra e do delegado Sérgio Paranhos Fleury.

“Tivemos muito cuidado na elaboração dessa lista, porque sabemos o impacto que ela vai ter”, afirmou o coordenador da CNV, Pedro Dallari, durante ato realizado na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília. Ele observou que eventuais responsabilizações caberão ao Judiciário e ao Ministério Público, mas acrescentou que “a indicação de autoria é por si só relevante”. Segundo Dallari, os 377 nomes trazem “indícios consistentes de autoria”.

O coordenador da CNV destacou trabalhos de levantamento de informações feitos desde a década de 1970, por presos políticos, pela Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos, pela Comissão de Anistia e por grupos de familiares de mortos e desaparecidos. “O relatório não representa, e dissemos isso à presidenta Dilma Rousseff, o começo ou o fim dessa investigação. Procuramos, até em respeito a esse legado de informações, fazer o melhor trabalho possível no sentido de aprofundar a investigação. Temos a convicção de que o trabalho não se encerra aqui.” Para Dallari, o texto trará uma “base de informações muito organizadas” e poderá auxiliar as várias comissões da verdade ainda atuantes, universidades e imprensa.

A expectativa é de que tenha sido feito um trabalho de referência, acrescentou. “O relatório não tem gordura: é músculo e osso. Fatos, fatos, fatos.”

Outros nomes que constam da lista: o médico-legista Harry Shibata, o brigadeiro João Paulo Burnier, o coronel Nilton Cerqueira, o delegado Romeu Tuma, o delegado Alcides Singillo, o médico Amílcar Lobo, o capitão Benoni Albernaz, o delegado Cláudio Guerra (que recentemente reconheceu participação em diversas atividades no período), o delegado Dirceu Gravina e o coronel Freddie Perdigão Pereira. Está lá também o soldado Herculano Leonel, autor do disparo que matou o metalúrgico Santo Dias, em 1979.

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