'Obra aberta'

‘Ainda queremos saber quem pôs a bomba na OAB’, diz jurista

Representante da CNBB lembra nomes de dom Paulo, dom Hélder e dom Luciano

Tânia Rego/ABr

Wadih Damous, da OAB, lamentou falta de colaboração das Forças Armadas durante as investigações

São Paulo – Representante das comissões estaduais da verdade em ato realizado na OAB, em Brasília, o jurista Wadih Damous, do Rio de Janeiro, disse que o relatório divulgado hoje (10) pela Comissão Nacional da Verdade (CNV) deve ser entendido como uma obra aberta. “Ainda não sabemos, por exemplo, onde está enterrado Rubens Paiva, onde está enterrado Stuart Angel, onde estão enterrados os desaparecidos políticos. Não vamos descansar enquanto essa verdade não for alcançada”, afirmou.

Ele lamentou a “falta de colaboração” das Forças Armadas durante as investigações. “Nada disso impediu os nossos trabalhos”, acrescentou. E lembrou de um episódio ocorrido em 1980, no Rio: “Ainda queremos saber quem pôs a bomba na OAB, que matou dona Lyda, que merece todas as deferências hoje”. Uma carta-bomba entregue no escritório da Ordem causou a morte da secretária Lyda Monteiro da Silva.

O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Leonardo Ulrich Steiner, citou um trecho bíblico para afirmar que a CNV está ajudando a sociedade brasileira a se libertar. “A dor ainda não desapareceu, como ainda não desapareceu a indignidade”, afirmou, referindo-se aos desaparecidos. “A democracia é preciosa demais.” Ele destacou três nomes de religiosos ligados aos direitos humanos: dom Paulo Evaristo Arns, dom Hélder Câmara e dom Luciano Mendes de Almeida. “Estes homens fazem parte da história”, disse Steiner, lembrando de um livro “precedente” ao relatório da comissão, o Brasil: Nunca Mais, de 1985.

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