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Reintegração de posse no centro de São Paulo tem novo confronto entre PM e sem-teto

Sem apoio para retirar pertences, sem-teto tentaram ocupar outros prédios e foram reprimidos pela Polícia Militar

J.Duran Machfee/Folhapress

Mesmo após a conclusão da reintegração de posse, a PM manteve o prédio cercado

São Paulo – Aproximadamente 150 famílias organizadas pelo Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS), que viviam em um prédio na rua Conselheiro Crispiniano, centro de São Paulo, foram removidas na manhã de hoje (19) com uso de bombas de efeito moral e atuação da Tropa de Choque da Polícia Militar (PM). Segundo os moradores, não havia caminhões para transporte dos bens e os agentes impediram a retirada dos mesmos do prédio.

“Usaram bombas e spray de pimenta contra idosos e crianças. A gente não ia resistir, mas eles quiseram dialogar conosco”, contou a faxineira Edilene Francisca da Conceição, 65 anos, que morava no local. A desocupação foi iniciada às 4h, segundo os moradores, duas horas antes do normalmente fixado pela Justiça para este tipo de ação.

As famílias viviam havia dois anos e cinco meses no local, que está sem uso há cerca de dez anos. Revoltados com a situação, os moradores atearam fogo em pertences que estavam nos terceiro e quarto andares. O Corpo de Bombeiros foi acionado e apagou as chamas.

Segundo a PM, parte dos moradores tentou ocupar outros dois prédios na região pouco depois do início da ação de reintegração e foi impedida. “Sem poder invadir prédios vizinhos, essas pessoas, retornaram para a Conselheiro Crispiniano, onde tentaram queimar pneus, sendo novamente impedidas”, informou em nota a corporação.

Os sem-teto não negam que tentaram ocupar outro edifícios, mas relacionam o conflito à ação truculenta da PM. “Eles jogaram bombas dentro do prédio e queriam impedir a gente de sair. A maior parte das minhas coisas ficou lá”, disse Edilene. Por volta de 10h, as famílias começaram a retirar os pertences do local.

Uma pessoa foi detida e liberada após assinar um Boletim de Ocorrência de invasão de patrimônio privado. Dois manifestantes ficaram feridos no confronto e foram levados para a Santa Casa de Misericórdia, no bairro de Santa Cecília.

As famílias despejadas foram abrigadas no prédio do antigo Cine Marrocos, a poucos metros do edifício onde viviam, também ocupado pelo MSTS. No cinema já havia 475 famílias há cerca de um ano.

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