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CNV pede providências sobre documentos ocultados por hospital do Exército

Tomaz Silva / ABr Pedro Dallari deixa o Hospital do Exército, no Rio, em setembro. Documentos ocultados agora encontrados Brasília – O coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro […]

Tomaz Silva / ABr

Pedro Dallari deixa o Hospital do Exército, no Rio, em setembro. Documentos ocultados agora encontrados

Brasília – O coordenador da Comissão Nacional da Verdade (CNV), Pedro Dallari, pediu providências ao Ministério da Defesa a respeito de documentos encontrados no Hospital Central do Exército (HCE), no Rio de Janeiro, sobre presos políticos na época da ditadura militar. O local foi vistoriado na sexta-feira  (14) por procuradores do Ministério Público Federal (MPF), com o apoio de agentes da Polícia Federal, que cumpriram mandado judicial de busca e apreensão.

Em setembro passado, o diretor do hospital, general Vitor Cesar informou aos integrantes da comissão que não dispunha dos prontuários médicos do período. Entretanto, a diligência do MPF constatou a existência de prontuários de 1940 à 1969 e de 1974 à 1983.

Dallari foi informado da operação pelo procurador da República Antônio Cabral e comunicou o ocorrido ao ministro da Defesa, Celso Amorim, solicitando providências da pasta para o rápido esclarecimento dos graves fatos apurados pelo MPF. As informações foram divulgadas em nota distribuída ontem (15) pela CNV.

“A CNV considerou graves duas constatações feitas pelo MPF: a de que aquela unidade do Exército ocultou da comissão documentos que foram objeto de diligência conjunta da Comissão Nacional da Verdade e da Comissão da Verdade do Rio feita em 23 de setembro deste ano e a informação de que membros e integrantes da delegação foram objeto de investigação preliminar daquela unidade militar”, destacou a comissão em trecho da nota.

A operação feita na sexta-feira já havia sido detalhada em nota publicada pelo MPF. “Os procuradores dirigiram-se inicialmente à garagem de ambulâncias e ao setor de manutenção, onde, segundo as investigações do MPF, os documentos estariam ocultos. Posteriormente, foram à Seção de Informações [S-2] do hospital e lá, em uma sala com cofre, encontraram um dossiê com notícias e documentos referentes a Raul Amaro [dissidente político Raul Amaro Nin Ferreira, morto no dia 12 de agosto de 1971, nas dependências do HCE], bem como uma pasta com nomes e fotografias dos integrantes das comissões Nacional e Estadual da Verdade.”

Na diligência, foi encontrada uma pasta com nomes, fotografias e informações de integrantes das duas comissões. A CNV esclareceu que, a pedido do Ministério da Defesa, uma lista somente com nomes foi enviada previamente para a confecção de crachás para facilitar o acesso de todos às dependências do hospital. Um dos objetivos da operação era buscar documentos de pessoas falecidas durante o regime ditatorial, incluindo o dissidente político Raul Amaro, segundo a nota do MPF.

Os fatos apurados pelo MPF serão discutidos em uma reunião do colegiado da CNV, na próxima quarta-feira (19), em São Paulo. Procurado, o Ministério da Defesa informou, através de sua assessoria, que não faz comentários referentes ao trabalho da CNV.