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Acordo determina permanência de comunidade indígena em fazenda no MS

Comunidade Pyelito Kue é a mesma que, em outubro de 2012, escreveu carta anunciando suicídio coletivo

Ruy Sposati/Cimi

Já existem 40 mil hectares na região sinalizados pela Funai como terras indígenas

São Paulo – Acordo mediado pelo Ministério Público Federal (MPF), no último dia 14, assegura a permanência da comunidade indígena Pyelito Kue, na fazenda Cambará, no município de Iguatemi (MS). Pela determinação, a comunidade ficará em uma área de 97 hectares, mas deve deixar a sede administrativa da propriedade até 4 de dezembro.

Os indígenas ocupam a fazenda Cambará há dois anos e, por isso, estão sendo processados. O acordo prevê a suspensão do processo contra a comunidade até que seja feita pela Fundação Nacional do Índio (Funai) a demarcação de terras.

O antropólogo Spensy Pimentel disse ontem (18) à Rádio Brasil Atual que os Pyelito Kue saíram das reservas próximas a Iguatemi e ocuparam a fazenda por não aguentarem a situação de conflito armado, em que fazendeiros e pequenos agricultores atingem a comunidade. Pimentel acrescenta que já existem 40 mil hectares na região sinalizados pela Funai como terras indígenas.

Eles são os mesmos índios que, em outubro de 2012, escreveram uma carta, após determinação da Justiça para que saíssem da fazendo que ocupavam, em que afirmaram estarem prontos para morrer. “A terra indígena desse grupo é a terra Iguatemi, que já teve seu relatório de identificação publicado no início do ano passado depois, justamente, de um temor que aconteceu por conta de uma carta que essa comunidade publicou e ficou famosa”, relatou Pimentel.

Na visão do antropólogo, o acordo significa um avanço para a região do Mato Grosso do Sul, pois permite que outras comunidades consigam negociar territórios para ficar instaladas enquanto aguardam demarcação de sua terra de origem. “Hoje fala-se de acordos necessários no Mato Grosso do Sul com relação aos Guarani Kayowá, o segundo maior grupo de indígenas no Brasil, são quase 50 mil e mais de 70 comunidades, e esse grupo passa por uma situação de crise humanitária”, disse.

O dono da fazenda concordou em permitir construção de escola, casa de reza, instalação de energia elétrica e outras instalações necessárias para a sobrevivência digna da comunidade. A Funai se comprometeu a ajudar os índios a preparar solo para plantio e fornecer produtos agrícolas.

Ouça a reportagem completa na Rádio Brasil Atual:

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