Na magrela

Bicicleta é transporte mais eficiente em São Paulo em trajeto por via expressa

Mesmo com faixa exclusiva, tempo no ônibus não reduz, segundo resultado de desafio para avaliar locomoção na cidade. Haddad não participou da atividade

Renato S. Cerqueira/Futura Press/Folhapress

Participantes do Desafio Intermodal em São Paulo se preparam para iniciar o trajeto: bicicleta venceu

São Paulo – Distrito do Brooklin, zona sul paulistana, 18h. Começa o rush do trânsito para sair de um dos principais centros empresariais da cidade. A diferença é que ontem (18) voluntários deixaram a praça General Gentil Falcão exatamente nesse horário com a tarefa de percorrer dez quilômetros até a prefeitura, na região central da cidade, testando 11 diferentes maneiras de locomoção, como carro, moto, bicicleta, corrida, skate e ônibus, para avaliar sua eficiência. Ao fim do desafio, a bicicleta em vias rápidas foi considerada a maneira mais eficiente, barata e menos poluente de se locomover.

Seguindo por vias expressas, a bicicleta cumpriu o trajeto em 20 minutos e 9 segundos, três minutos a menos que a moto, a segunda colocada em tempo. “Não é exatamente um trajeto tranquilo, porque temos que pedalar muito rápido para acompanhar as motos”, explica um dos voluntários, Ricardo Bruns. A tarefa fez parte da edição deste ano do Desafio Intermodal, evento organizado por cicloativistas em diferentes cidades do país desde 2006 para medir a eficiência dos meios de locomoção em meio urbano, levando em conta a velocidade, o custo e a emissão de gás carbônico.

Já a bicicleta por vias lentas, que receberão ciclovias da prefeitura, levou pelo menos uma hora e 20 minutos para chegar ao ponto de encontro, ficando nas últimas posições. Quem participou do teste pilotando uma bicicleta nesta modalidade foi o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. “Não viemos com pressa”, justificou. “Fiquei bem impressionado com o respeito dos motoristas. Um taxista, inclusive, fez questão de dizer que nós estamos acertando com as ciclovias. A cidade sem dúvida está ganhando. Precisamos de um tempo para ajustes, mas é uma grande conquista dos paulistanos.”

Grandes

O trajeto em ônibus demorou 53 minutos e 58 segundos, ficando na quarta colocação, praticamente com a mesma média do ano passado, que foi de 53 minutos. “Esperávamos que, com os corredores de ônibus, diminuísse um pouco, mas isso não aconteceu”, diz o coordenador do desafio, Daniel Labadia. Um dos voluntários nessa categoria seria o prefeito Fernando Haddad, que havia se comprometido com cicloativistas no último dia 12, mas não apareceu. A ausência não foi justificada.

“A ideia não é competir para ver quem chega na frente, mas para avaliar as diferentes formas de locomoção em São Paulo. Já tivemos por exemplo helicópteros participando, mas pelo preço e pela emissão de poluentes não é o melhor. Já a bicicleta acaba saindo na frente porque não precisa de dinheiro nem combustível, só do fator humano”, diz Labadia.

“No metrô é fácil se locomover, tem acessibilidade, mas falta sinalização. Pegamos a plataforma errada e perdemos tempo”, comenta o cadeirante Kal Brynner, que cumpriu a prova no transporte público em 1 hora e 3 minutos. “Um problema são as calçadas, muito irregulares. O que parece um desnível pequeno para vocês é um grande complicador para nós.”

Dois minutos depois chegou a voluntária Tatian Alves, que cumpriu todo o trajeto correndo a pé. “Não gastei nada de combustível e ainda contribui com a minha saúde”, comemorou.