prestes a fechar

Após reunião com moradores de rua, prefeitura de SP vai reavaliar fechamento de tendas

Atendidos contestam decisão de fechar dois espaços de convivência na zona leste. Gestão alega más condições e direciona atendimento a outros espaços. Medida motivou ocupação de prédio de secretaria

Davi Ribeiro/Folhapress

Moradores de rua passaram a noite de ontem na Secretaria de Direitos Humanos pedindo a manutenção das tendas

São Paulo – Cerca de 40 moradores de rua acampados no prédio da Secretaria Municipal de Cidadania e Direitos Humanos, no centro de São Paulo, se reuniram hoje (7) com o secretário Rogério Sottili e com a secretária de Assistência Social, Luciana Temer, para pedir que não sejam fechados dois espaços de convivência e acolhida da população de rua mantidos pela prefeitura na zona leste da capital. Os representantes municipais se comprometeram a realizar, durante a próxima semana, uma visita às tendas Alcântara Machado e Bresser-Mooca para conferir as condições do local e negociar novamente com os sem-teto. As estruturas atendem diariamente 400 pessoas.

O fechamento dos locais havia sido recomendado pelo Ministério Público de São Paulo e foi anunciado oficialmente nesta semana pela administração municipal. De acordo com a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos, as tendas se mantinham desde abril de 2012 em condições precárias e em locais inapropriados, por operarem embaixo de viadutos. O órgão ainda informou que os moradores atendidos pelos espaços serão redirecionados para a Casa Restaura-me e a tenda São Martinho Lima, também na zona leste, que foram ampliadas para receber maior público.

Segundo a moradora de rua e funcionária do espaço Alcântara Machado, Vilma Aparecida, a tenda cumpre sua função de assistência social e é essencial para os moradores de rua que a frequentam. “A prefeitura disse que a situação das tendas era precária e determinou o fechamento. Por isso nós convidamos os secretários a irem lá, a ver de perto o que acontece nas tendas e a importância delas para quem as usa. Não tem nada de precário.”

Vilma costumava ir ao local diariamente para tomar banho e havia sido contratada recentemente como auxiliar de limpeza da tenda. Ela e outros três trabalhadores da Alcântara Machado, também moradores de rua, fazem parte dos 80 funcionários dos dois espaços que assinaram aviso prévio na última terça-feira (5). “Além do atendimento, na tenda a gente acha algo que não tem na rua: carinho e cuidado. Onde vamos encontrar isso agora?”, questiona.

As tendas que serão desativadas operam das 8 às 22 horas e oferecem aos moradores de rua serviços de assistência social e psicológica, oficinas profissionalizantes e culturais, emissões de documentos e auxílio em casos de violência doméstica ou contra minorias. Além disso, os sem-teto também tomam banho e lavam suas roupas no local.

A assistente social Vera Helena, da tenda Alcântara Machado, ainda explica que os espaços guardam documentos dos moradores de rua e também emitem comprovantes de endereço para os frequentadores. “Se a gente vai a alguma entrevista de trabalho e pedem comprovante de emprego, não dá para dizer que moro ali na calçada, eles já me dispensam de cara. Isso acaba com a nossa dignidade”, lamenta Jardel Silveira.

De acordo com os moradores de rua, os espaços Casa Restaura-me e São Martinho Lima ainda não possuem estrutura suficiente para acolher todas as pessoas atendidas pelas tendas. A prefeitura, porém, afirma que foram criadas novas vagas nos locais que, além de serviços de saúde, oferecem também almoço aos frequentadores.

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