São Paulo

Governo Alckmin volta a omitir dados sobre treinamento de choque

Secretaria diz à RBA que tema é sigiloso, mas dá informações a outro grupo de comunicação; Força Tática terá treino para saber 'momento adequado' de usar bombas contra manifestantes

arquivo rba

Governo de São Paulo amplia treinamento para Tropa de Choque e deixa dúvidas sobre atuação sem respostas

São Paulo – A Secretaria da Segurança Pública (SSP) do governo Geraldo Alckmin (PSDB) escolhe para qual veículo repassa informações de interesse público. Após questionar na quarta-feira (23) sobre otreinamento de policiais da Força Tática em ações de policiamento de choque, que deve se iniciar no próximo mês para atuação em manifestações, a RBA recebeu uma resposta genérica, pela segunda vez no espaço de uma semana. Novamente em busca de dados completos, reenviou as perguntas, mas foi informada de que os dados são sigilosos e que a divulgação poderia prejudicar as ações da Polícia Militar.

No entanto, na manhã do mesmo dia, o comandante do policiamento militar na capital, coronel Glauco de Carvalho, concedeu entrevista ao vivo à rádio BandNews FM, do grupo Bandeirantes, em que explicou o treinamento e os objetivos. Além disso, a reportagem da rádio dispunha de dados semelhantes aos solicitados pela RBA.

A pasta informou que os questionamentos deveriam ser dirigidos à assessoria de comunicação da PM, o que foi feito. No entanto, após cinco horas de espera, o retorno foi dado pela própria secretaria, de forma genérica e sem responder às perguntas.

“Desde junho do ano passado, quando iniciaram as manifestações em São Paulo, a Polícia Militar vem trabalhando para aperfeiçoar cada vez mais seu trabalho, no sentido de garantir a ordem pública e o direito constitucional à livre manifestação. O treinamento da Força Tática é mais uma etapa desse trabalho de aperfeiçoamento profissional. Seja do ponto de vista técnico ou psicológico dos policiais. Soma-se a isso o uso de armas não letais”, informou, em nota, a SSP.

“Os comandantes de área estão sendo orientados para que atuem com o máximo de presteza quando houver a possibilidade de depredação ao patrimônio público ou privado. O patrimônio deve ser preservado, bem como o direto à livre manifestação”, completou a secretaria.

Segundo reportagem da BandNews FM, o efetivo da Força Tática da Polícia Militar da capital paulista vai receber treinamento de choque a partir do mês que vem para atuar em manifestações, como parte de um endurecimento da atuação da PM em protestos. O objetivo seria preparar os 1.500 policiais para o “primeiro contato” com os manifestantes. As atividades serão mensais e definidas pelo comando de cada região.

“Essa é uma medida preventiva no sentido de evitarmos problemas maiores. No sentido de preparar o profissional, o policial da Força Tática, tanto no seu lado técnico, quanto no seu lado psicológico. Que ele saiba o momento adequado de jogar uma bomba de gás lacrimogêneo ou acionar o gatilho de um elastômero, que é a bala de borracha”, disse o coronel.

Esta é a segunda vez no espaço de uma semana que a Secretaria de Segurança Pública se recusa a fornecer informações à RBA. No último dia 18, a reportagem teve sonegado o direito de ter acesso a dados sobre o 2º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP), criado no mesmo dia por Alckmin.

Após a publicação de reportagem com base nas informações disponíveis no Diário Oficial, a CDN, que presta assessoria de comunicação para a secretaria, finalmente enviou uma nota informando que “inicialmente, [as equipes] são integradas por 368 policiais das companhias de Força Tática de Santos, Guarujá e São Vicente, além do Destacamento de Polícia Montada (a Cavalaria) do Guarujá, Canil de Santos e das Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (Rocam)”.

Ao mesmo tempo, a empresa, que se recusou a responder à RBA, classificou a conduta desta página como “desrespeitosa.”

A reportagem da RBA enviou as seguintes perguntas à secretaria a respeito do treinamento da Força Tática:

– Qual o objetivo dessa formação? Ela é específica para atuar em manifestações?

– A partir desse treinamento, a Força Tática vai se somar ao Batalhão de Choque? Ou poderia atuar como uma força de contenção de menor porte, para manifestações menores?

– Em que consiste esse treinamento? É uma especialização sobre algumas ações ou uma ampliação da capacidade técnica dos policiais?

– A cargo de quem ficará o treinamento? Serão policiais do contingente do Choque ou outros especialistas em ações sobre manifestações?

– Quantos policiais vão receber o treinamento? Qual o prazo para conclusão dos treinamentos?

– A policia investiu recentemente em equipamentos e treinamento para atuar em manifestações, caso das armaduras e do contingente especializado em artes marciais. Investimentos desse tipo vão prosseguir? Há outras ações em vista?

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