violência em SP

PM não revisará ação em protestos, e coronel recomenda: ‘Querem mudar o país? Votem’

Apesar de reconhecer um caso de abuso policial, Benedito Meira diz que 'manifestantes é que têm que mudar'. Secretário de Segurança Pública elogia: 'Não houve excesso'

Adriana Spaca/Brazil Photo Press/Folhapress

Comandante e secretário repetem discurso ao elogiar ação policial e prometer apuração de excessos

São Paulo – O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Benedito Roberto Meira, disse na última sexta-feira (13) que a corporação continuará agindo em protestos populares assim como fez na última quinta-feira (12), na zona leste da capital, durante ato contra a Copa do Mundo. “Quem tem que mudar são os manifestantes, eles é que têm que tomar uma postura diferente”, afirmou, recomendando que as pessoas esperem as eleições para se expressar politicamente. “Querem mudar o país? Dia 4 de outubro é o momento certo: vai lá e vota.”

Na rápida entrevista que concedeu a parte da imprensa na sexta-feira, Meira foi bastante questionado sobre a ação da PM. No dia anterior, policiais haviam reprimido duas manifestações em menos de duas horas. A primeira, nas redondezas da estação Carrão do metrô, sequer chegou a ocorrer: a tropa dispersou os poucos presentes ainda quando estavam se reunindo, e antes que intencionassem sair em passeata. Logo depois, PMs encurralaram uma concentração de duas mil pessoas em frente ao Sindicato dos Metroviários de São Paulo, no Tatuapé, impedindo que o protesto marchasse pela Avenida Radial Leste ou pelas ruas da região. (Leia mais aqui.)

Leia também:

Apesar de elogiar a ação de seus homens, o comandante da PM reconheceu pelo menos uma ocorrência de abuso policial durante a jornada. Ao comentar a foto em que um soldado espirra spray de pimenta no rosto de um manifestante já rendido, desarmado e cercado por homens da PM, Meira assume o excesso: “Naquele momento em que o manifestante estava imobilizado, a utilização do gás pimenta não era necessária”, disse. Logo depois, porém, classificou os manifestantes reprimidos pela polícia como “bando de criminosos” e se disse “tranquilo e confortado” com a aprovação de moradores da região. “Aplaudiram a polícia, não os manifestantes.”

Antes de Meira, quem falou à imprensa, também rapidamente, foi o secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella. Ao ser questionado sobre a ação de quinta-feira, Grella aplicou a mesma fórmula discursiva que utiliza para comentar o desempenho da PM em protestos: “A polícia agiu corretamente. Os fatos que se cogita de possíveis abusos evidentemente serão tratados no inquérito que o comando já abriu para apurar eventuais episódios”, repetiu. “Mas, pelos relatos que tive, não houve abusos. A PM conseguiu assegurar o direito de ir e vir da população, mantendo as vias livres. Usou a força proporcionalmente aos eventos, mantendo a ordem pública.”

Para o secretário, apesar de ter agido preventivamente, a polícia não restringiu o direito constitucional de manifestação. “A PM estava assegurando o direito de ir e vir das pessoas, inclusive daquelas que iam se dirigir ao evento Copa”, explica, também lembrando que os moradores das redondezas aplaudiram seus homens. Grella voltou a dizer que as pessoas feridas (ao menos 37, de acordo com socorristas voluntários) e detidas (51, segundo dados oficiais) não eram manifestantes. “A bala de borracha não foi empregada contra manifestante, mas contra um grupo de pessoas que estava ali para praticar atos de violência, agressão e ameaça. Contra baderneiro, a polícia tem que usar as armas necessárias.”

Leia também

Últimas notícias