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Ato pela tarifa zero marca um ano da revogação de aumento da passagem em SP

Alguns minutos depois de depredações feitas por Black Blocs, policias militares do Batalhão de Choque chegaram e usaram bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral para dispersar o protesto

mídia ninja/facebook

Manifestantes fizeram queima de catracas simbolizando a reivindicação de tarifa gratuita

São Paulo – A manifestação convocada ontem (19) em São Paulo pelo Movimento Passe Livre (MPL) reuniu cerca de 6 mil pessoas, segundo os organizadores, e 1,3 mil, de acordo com a Polícia Militar. Os manifestantes se concentraram na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista, e desceram a Avenida Rebouças até a Marginal Pinheiros. Ao longo do trajeto e, sobretudo, no final, jovens mascarados atacaram concessionárias de veículos de luxo e agências bancárias. A PM, que acompanhava a manifestação à distância, respondeu com a tropa de choque.

O protesto tinha dois objetivos. Primeiro, comemorar um ano da revogação do aumento da tarifa de ônibus, trem e metrô na capital, conseguidas após intensa jornada de mobilização social iniciada em 6 de junho do ano passado. Uma série de cinco manifestações em 13 dias, quase todas reprimidas violentamente pela polícia, forçaram o prefeito Fernando Haddad (PT) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) a anunciar, em 19 de junho, que o preço da passagem voltaria a R$ 3 – em vez dos R$ 3,20 fixado dias antes.

Outro objetivo da manifestação era pedir tarifa zero para o transporte público na cidade, motivo que levou os manifestantes a queimarem uma catraca durante a passeata. “A gente acredita que, para o transporte ser verdadeiramente público, precisa ser pensado de acordo com os interesses, com as necessidades de quem trabalha nele, e de quem usa ele”, explicou à Rádio Brasil Atual Marcelo Hotimsky, militante do MPL. “A tarifa zero vem justamente no sentindo de fazer com que as pessoas se encontrem, tenham acesso as riquezas e aos direitos básicos.”

Os metroviários de São Paulo também foram representados no ato, que protestava ainda contra as 42 demissões anunciadas após a greve realizada pela categoria no início deste mês. Advogados Ativistas, Observadores Legais e pelo menos quatro defensores públicos acompanhavam a marcha com objetivo de proteger os direitos dos manifestantes contra eventuais abusos policiais. No início da tarde, a reportagem do Cidadão Kane SP contou pelo menos 300 adeptos da tática black bloc no protesto.

Na Avenida Rebouças, mascarados invadiram quatro agências bancária, mas a ação foi contida por integrantes do MPL, que queriam uma chegada pacífica até a Marginal. Desde o início, a ideia do movimento era chegar sem confrontos até o final do trajeto, que, ao contrário do que costumam fazer, haviam definido com antecipação. Lá houve depredações de concessionárias de veículos por black blocs. Policiais do Choque chegaram logo depois, e usaram bombas de gás lacrimogêneo e efeito moral para dispersar o protesto.

A Polícia Militar colocou a culpa pelas depredações no Movimento Passe Livre. “Acompanhamos à distância, respeitando o manifesto e o anseio do Passe Livre”, disse em entrevista coletiva o comandante do policiamento na capital, coronel Leonardo Torres Ribeiro, dizendo que os militantes do MPL haviam solicitado formalmente à Secretaria de Segurança Pública que a polícia mantivesse certa distância dos maniestantes para evitar confrontos. “Atribuímos, sim, ao MPL a responsabilidade por essa depredação. Eles que formalizaram esse pedido de afastamento da Polícia Militar.”

Pelo Facebook, o MPL afirmou que o ato já estava dispersando quando a PM atacou os manifestantes. “A festa popular, que pautava a readmissão dos trabalhadores do transporte e a tarifa zero, foi violentamente reprimida com bobas de asfixia e estilhaçantes.”

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