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Defensor público denuncia violência da GCM em desocupação no Vale do Anhangabaú

Até dezembro, o local era ocupado pela Escola de Bailado da prefeitura. Em janeiro, foi fechado para reformas. Havia 40 dias era utilizado por uma ocupação artística

São Paulo – Aproximadamente 30 pessoas que realizavam uma ocupação artística no baixo do Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, foram removidas ontem (18) pela Guarda Civil Metropolitana. Segundo o ouvidor da Defensoria Pública Alderon Costa, os guardas da Inspetoria de Operações Especiais (Iope) chegaram por volta das 4h30, sem ordem judicial e agrediram os ocupantes. Pelo menos quatro pessoas ficaram feridas. Elas registraram boletins de ocorrência na 3º Distrito Policial, na região central.

“Eu estava dormindo dentro da minha barraca, nua, aí chegaram vários guardas carecas, vestidos de preto e me arrancaram à força e me jogaram na rua. Depois um deles olhou bem para mim e jogou spray de pimenta na minha cara”, relatou a assistente social Juliana Carvalho, de 31 anos.

A ocupação ficava a poucos metros do local em que a Fifa realiza a Fan Fest, onde estão se reunindo torcedores de várias partes do mundo para assistir aos jogos da Copa. Depois de serem removidos, os ocupantes armaram suas barracas em frente ao portão do espaço, ocupado havia 40 dias por coletivos culturais que ali realizavam oficinas artísticas voltadas para o público em geral e para pessoas em situação de rua.

Até dezembro do ano passado, o local era ocupado pela Escola de Bailado da prefeitura. Em janeiro, foi fechado para reformas e dedetização, segundo a Secretaria Municipal de Cultura.

Segundo o ativista Eduardo Cabelo, o movimento tentou em vão convencer a secretaria a ceder o gestão do espaço aos coletivos. Mas o movimento não esperava que houvesse uma remoção violenta no local. “Eles chegaram a oferecer empregos para nós, mas nós não quisemos. Queríamos que a gestão fosse dada para o povo, depois pedimos que fosse compartilhada com o poder público, mas eles não quiseram”, contou Cabelo.

Por meio de nota, a secretaria afirmou ontem que a ocupação era “ilegal” e “ilegítima”. “A ação administrativa para retomada do espaço ocorreu somente após as diversas tentativas de diálogo com os invasores, que interromperam de forma unilateral a negociação e se negaram a sair amigavelmente”, dizia a nota.

Segundo o ouvidor da defensoria Alderon Costa, uma reunião com o secretário de Cultura, Juca Ferreira, foi marcada para amanhã (20), na sede da secretaria, na Galeria Olido.

Procurada, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana não comentou sobre a acusação de agressão aos manifestantes.