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Copa dos Refugiados tenta dar visibilidade a migrantes acolhidos em São Paulo

Além de reunir refugiados e promover interação entre as populações, evento chama atenção para situações das pessoas que escolhem o Brasil como alternativa às mazelas de seus países

vimeo/reprodução

Migrantes refugiados em São Paulo encontram oportunidade de integração e visibilidade pelo futebol

Brasília – Jogadores de 16 países entrarão em campo em uma disputa que propõe o encontro entre diferentes culturas e pretende dar visibilidade à presença de pessoas que foram acolhidas no Brasil. Paquistão, Serra Leoa, Mali, Congo, Costa do Marfim, Bolívia, Peru, Blangladesh, Haiti e Palestina estão entre as “seleções” que, nos dias 2 e 3 de agosto, disputarão a Copa dos Refugiados, organizada na capital paulista pela organização Cáritas Brasileira e pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).

De acordo com Larissa Leite, coordenadora de Relações Exteriores da Cáritas, destacou que os jogos serão uma oportunidade para apontar as políticas necessárias para acolhimento dessas populações no país. “O Brasil tem ajudado humanitariamente algumas nações, mas vemos um aumento de refugiados sem que haja aumento dos recursos disponíveis para esse atendimento”, avaliou.

Entre as ações fundamentais para os refugiados, ela destaca a orientação profissional e o conhecimento da língua. Larissa apontou ainda novos desafios nesse acolhimento, com a frequente chegada de adolescentes desacompanhados ao país. “Trata-se de um grupo ainda mais vulnerável e que necessita de um olhar especial”, avaliou.

Uma página da Copa dos Refugiados no Facebook mostra informações e orientações para colaborar com o evento, como doações de material esportivo etc.

Clique para assistir ao vídeo produzido para promover a Copa dos Refugiados:

As partidas vão ocorrer no Centro Esportivo do Glicério, região da cidade de São Paulo já conhecida pelos imigrantes que são acolhidos pela Missão Paz, organização da Igreja Católica. Os jogos terão duração de 30 minutos e a grande final ocorre no domingo, dia 3. O primeiro jogo será entre Camarões e Iraque.

O professor sírio Abdul Ibrahim, 40 anos, não tem muita familiaridade com a bola, mas topou o desafio de participar dos jogos. “Até jogo, mas não muito. Vou participar pelo meu time”, declarou. Ele saiu da Síria há 18 meses e trabalha no Brasil dando aulas de inglês. “Eu vivia lá com minha ex-mulher e meus filhos. A todo momento tínhamos problemas, explosões, então decidi sair de lá”, contou.

De acordo com a Organização das Nações Unidas ONU), mais de 100 mil pessoas foram mortas desde março de 2011 no país, quando começou o levante contra o presidente Bashar Al Assad.

Em princípio, a copa estava prevista para o próximo fim de semana, 5 e 6 de julho, pararelamente à fase final da Copa do Mundo da Fifa. Mas a organização achou melhor adiar o evento, considerando as culturas nacionais. “Os jogos estavam previstos para o próximo final de semana, mas estamos no início do Ramadã, que é um mês sagrado de jejum e reflexão para os muçulmanos”, justificou Larissa Leite. Ela destacou que 90% do público participante é muçulmano e por isso fizeram a opção de mudar. “Perdemos um pouco do fato de que é o mês da Copa do Mundo, mas é melhor garantir que todos possam participar”.

As seleções de refugiados foram formadas por integrantes dos países, mas talvez seja necessário fazer adaptações, pois algumas nacionalidades não têm muita aproximação com o futebol. “No Afeganistão, por exemplo, eles jogam mais o críquete. Até agora não foi preciso, mas talvez tenhamos que contar com um reforço em algum time”, apontou a coordenadora.

Com reportagem da Agência Brasil

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