A Copa na Rua

Copa: na visibilidade do futebol, a oportunidade para fazer política

Realização da Copa do Mundo da Fifa no Brasil atraiu os olhares do mundo para o país, e também para suas contradições políticas e sociais. Série da RBA traça o perfil dos principais movimentos sociais

Fernando Frazão/Arquivo ABr

O período pré-Copa e as quatro semanas que faltam até o encerramento do torneio prometem ser quentes

São Paulo – Foi na reta final dos protestos de rua que tiveram início em junho de 2013 em todo o país, durante as manifestações de estudantes em Belo Horizonte que chegaram a reunir até 30 mil pessoas, que a palavra de ordem “Não vai ter Copa!” ecoou pela primeira vez: diante da repressão brutal da Polícia Militar de Minas Gerais, que chegou a decretar até toque de recolher na capital, os manifestantes elevaram cada vez mais o tom das provocações ao poder público. Em contraste às inúmeras pautas defendidas pelos diferentes grupos que formaram as passeatas, uma cacofonia ideológica e de práticas de manifestação quase incompreensível, os ataques ao evento ofereceram um discurso unificado, um slogan “chiclete” e uma ameaça de peso considerável às empresas e ao poder público, empenhados desde 2007 na realização de um dos maiores eventos esportivos do mundo, que foi visto por 3,2 bilhões de pessoas em 2010 e, pelas projeções da Fifa, deve bater recordes nesta edição.

A audiência gigantesca, que deve render R$ 2,9 bilhões em publicidade à Rede Globo, transmissora oficial do evento no país, também está na mira de quem seguiu mobilizando protestos desde o ano passado. Seja para dar visibilidade internacional a causas normalmente ignoradas pela mídia tradicional, seja para impedir lideranças partidárias de “surfar” sobre a popularidade do esporte favorito dos brasileiros, o período pré-Copa e as quatro semanas que faltam até o encerramento do torneio prometem ser quentes, com atos de impacto programados para as ruas e matéria-prima de sobra para veículos de comunicação de todas as inclinações políticas descobrirem significados entre os que dizem que não vai ter Copa, os que dizem que só vai ter Copa se houver garantia de direitos e, por fim, os que aproveitam o momento para exigir “padrão Fifa” a todas as coisas.

A reportagem da RBA oferece ao leitor uma perspectiva diferente: a partir de hoje, o portal publicará diariamente o perfil de um dos movimentos sociais mais atuantes neste período, de forma a expor suas origens, objetivos estratégicos e ideologia, com ou sem Copa do Mundo. Confira abaixo, na primeira reportagem da série “A Copa na Rua”, um texto sobre o Sindicato dos Metroviários de São Paulo, que, até três dias da abertura da Copa, conseguiu fechar mais da metade das estações do Metrô na cidade e acendeu o alerta amarelo das autoridades sobre o estrago que algumas mobilizações podem fazer durante o evento. Confira:

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