três passos

Comissão da Verdade refaz trajeto de levante contra a ditadura no Rio Grande do Sul

Integrantes do colegiado vão visitar sítios usados em março de 1965 e coletar depoimentos de remanescentes do Movimento 26 de Março

São Paulo – Integrantes da Comissão Nacional da Verdade (CNV) vão neste domingo (29) a Três Passos, no Rio Grande do Sul, refazer o trajeto da insurreição liderada pelo coronel Jefferson Cardim em março de 1965, praticamente um ano depois do golpe. Foi o primeiro movimento armado contra a ditadura, assinala a CNV. Representantes do colegiado irão visitar alguns dos sítios usados pelo levante e coletar depoimentos de remanescentes do Movimento 26 de Março. Na segunda-feira (30), a partir das 19h, haverá uma audiência pública sobre a guerrilha no auditório da Universidade UnIjuí, campus Três Passos.

Na audiência, estão previstos depoimentos de vários remanescente do grupo: Valdetar Antônio Dorneles, Adão Oliveira da Silva, Abrão Antônio Dornelles, Pedro de Campos Bones, Vergilio Soares de Lima, Carlos Dornelles, Arsenio Blatt, Alípio Charão Dias e Odilon Vieira.

O roteiro da Operação Três Passos mostra que ao sair da cidade o grupo do coronel Cardim passou por Tenente Portela e subiu na direção do Paraná. “Na manhã do dia 26 de março, o então presidente Castelo Branco chegara a Foz do Iguaçu, no Paraná, para inauguração da Ponte da Amizade entre Brasil e Paraguai. Estava a cerca de cem quilômetros da rota percorrida pelo grupo insurgente”, informa a CNV.

Próximo a Capanema, no Paraná, o grupo foi localizado por um avião da Força Aérae. Em Leônidas Marques, houve tiroteio com militares que vinham em uma viatura do Exército. A partir daí, o grupo de insurgentes se dispersou e, pouco a pouco, seus homens foram capturados.

Nos meses seguintes, militantes que se opunham à ditadura lançaram a sigla MR-26 (Movimento Revolucionário 26 de março), em homenagem à coluna. Para o coronel Cardim, seu movimento seria a senha para o desencadeamento de outras ações de militares e civis contra a ditadura, mas tais ações não ocorreram.

Preso, Cardim foi humilhado diante de tropas, torturado e exposto ao público, para que a violência de sua punição servisse de exemplo.

Com informações da Comissão Nacional da Verdade


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