Pra não esquecer

Com ‘tema Copa’, comunidades do Rio denunciam vítimas do Estado

Grupos aproveitam movimento em torno de dia do jogo da seleção brasileira contra Camarões para lembrar pessoas assassinadas e removidas de moradias pelo poder público

Arquivo Abr

Amarildo, desaparecido há quase um ano, está entre as vítimas lembradas na manifestação no Rio

São Paulo – Um grupo de manifestantes participou de uma caminhada hoje (23) no calçadão entre as praias do Leme e de Copacabana, no Rio de Janeiro, para lembrar pessoas assassinadas nas favelas. Entre as vítimas recordadas na manifestação está o ajudante de pedreiro Amarildo Dias, desaparecido na Favela da Rocinha há quase um ano e declarado morto pela Justiça.

Com o tema A Festa nos Estádios Não Vale as Lágrimas nas Favelas, a passeata foi organizada pela Rede de Comunidades contra a Violência.

“Na linha de frente, temos familiares de vítimas do Estado, mães que perderam seus filhos na mão da polícia. Tem casos recentes, de vítimas da UPP [Unidade de Polícia Pacificadora] e casos antigos, como da chacina da baixada, gente de Itaboraí, que está aguardando o julgamento há dez anos”, listou a jornalista da organização não governamental Justiça Global, Glaucia Marinho.

Os manifestantes cantam “E no Maraca, enquanto a bola rola, não tem saúde, não tem transporte, não tem escola” e “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem que lutar”.

Remoções

Representantes de várias comunidades do Rio de Janeiro também se reuniram hoje pela manhã em um protesto na praia de Copacabana para denunciar as injustiças nacionais relacionadas à questão da moradia, entre as quais o déficit habitacional e as políticas de habitação nas três esferas de governo.

A ação se insere no movimento nacional de luta pela moradia. “Não é um movimento focado em uma representação institucional”, observou Fábio Dutra, da Associação de Moradores e Amigos do Horto (Amahor).

Foram colocadas na areia da praia de Copacabana mais de 100 cruzes, com nomes de várias comunidades carentes, que representam as remoções feitas na capital fluminense, a maioria motivada pelos megaeventos, como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos de 2016, cujos acordos internacionais previam obras de infraestrutura de transporte, disse Dutra.

O objetivo da mobilização, salientou, é aproveitar a cobertura da mídia para a Copa, sobretudo a internacional, particularmente hoje, quando haverá o jogo entre  Brasil e Camarões, “para mostrar  um pouco da realidade que está ocorrendo no Brasil, para mostrar essas remoções que, na grande mídia, nunca vão aparecer.”

Um grupo de manifestantes participa de uma caminhada no calçadão entre as praias do Leme e de Copacabana para lembrar pessoas assassinadas nas favelas. Entre as vítimas homenageadas está o ajudante de pedreiro Amarildo Dias, desaparecido na Favela da Rocinha há quase um ano e declarado morto pela Justiça.

Com o tema A Festa nos Estádios Não Vale as Lágrimas nas Favelas, a passeata foi organizada pela Rede de Comunidades contra a Violência.

“Na linha de frente, temos familiares de vítimas do Estado, mães que perderam seus filhos na mão da polícia. Tem casos recentes, de vítimas da UPP [Unidade de Polícia Pacificadora] e casos antigos, como da chacina da baixada, gente de Itaboraí, que está aguardando o julgamento há dez anos”, listou a jornalista da organização não governamental Justiça Global, Glaucia Marinho.

Os manifestantes cantam “E no Maraca, enquanto a bola rola, não tem saúde, não tem transporte, não tem escola” e “Eu só quero é ser feliz, andar tranquilamente na favela onde eu nasci, e poder me orgulhar e ter a consciência que o pobre tem que lutar.”

Com informações da Agência Brasil