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Negociações do Grito da Terra ocorrem em todo o país

Na 20ª edição do movimento organizado pela Contag, trabalhadores substituem a marcha de agricultores, em Brasília, por manifestações descentralizadas em frente a órgãos públicos

Marcelo Camargo/ABr

Cerca de 300 trabalhadores rurais participaram do ato em frente à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap)

Brasília – A Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) organiza hoje (20) o Dia D do 20º Grito da Terra Brasil. Promovido em parceria com as federações dos Trabalhadores na Agricultura (Fetags), o Grito da Terra Brasil este ano decidiu descentralizar as mobilizações. Em vez de organizar marcha apenas na capital federal, o movimento promove atos em todo o país em frente a órgãos públicos. A ideia do movimento é reunir, entre hoje (20) e quinta-feira (22), cerca de 40 mil pessoas nesses atos.

Cerca de 300 trabalhadores rurais, segundo cálculo da Polícia Militar, participaram, em Brasília, de ato em frente à Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap). De acordo com a secretária de Políticas Sociais da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Distrito Federal e Entorno (Fetadfe), Claudia Farinha, a manifestação na capital não foi pacífica porque o governo do Distrito Federal (DF) está mantendo diálogo com os trabalhadores e prometendo atender às reivindicações.

“Se acabar o diálogo, avaliamos se é necessário fazer ocupações de órgãos públicos. Mas ontem fomos recebidos pelo governador (Agnelo Queiroz), então existe um diálogo. Mas a base precisa de informações e este momento é oportuno para o governo falar diretamente para os nossos trabalhadores”, disse Claudia Farinha.

Segundo ela, as principais demandas do Grito da Terra no Distrito Federal e Entorno – que compreende cidades goianas e mineiras que estão na divisa com o DF – são a implementação de infraestrutura nos assentamentos já legalizados e a publicação de decreto regularizando áreas onde há acampamentos de pequenos produtores.

De acordo com o diretor Extraordinário de Regularização de Imóveis Rurais da Terracap, Moisés Marques, as reivindicações dos trabalhadores rurais que envolvem áreas do DF têm sido atendidas. Naquelas que envolvem terrenos da União, há diálogo com os órgãos do governo federal para viabilizar um acordo.

“O que o movimento está fazendo hoje é, na verdade, parte de uma manifestação nacional. Aqui no do Distrito Federal eles elegeram fazer aqui [um ato] em frente à Terracap por um simbolismo. Mas não há hostilidade ou violência”, frisou Marques.

Além da capital

Em Fortaleza, os trabalhadores rurais fizeram caminhada pelas ruas da capital. Ontem (19), reuniram-se com o governador do estado, Cid Gomes. De acordo com informações do governo do Ceará, nos próximos dias serão entregues novos títulos de terras e serão liberados R$ 5,3 milhões para o investimento em projetos produtivos.

Em Natal, os trabalhadores rurais estão acampados desde ontem em frente à Superintendência Regional do Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) e hoje fazem mobilização na Delegacia Regional do Trabalho. De acordo com representantes do movimento, amanhã (21) haverá reunião com integrantes do governo e de instituições financeiras para discutir a renegociação de dívidas de agricultores familiares, crédito e política de habitação.

A mobilização, no Recife, começou cedo com trabalhadores em frente ao Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco (Iterpe) e a superintendência do Ministério do Trabalho. Pela tarde, os trabalhadores vão para a superintendência do Incra, onde participam de reunião. A principal reivindicação é a maior fiscalização do cumprimento das convenções trabalhistas nos canaviais.

Pela manhã, trabalhadores rurais percorreram o centro de Maceió, fizeram um ato em frente ao Incra e participaram de uma audiência pública na assembleia legislativa. Na pauta do movimento constam pontos como segurança pública e política de habitação para os trabalhadores rurais.

Às 6h, os trabalhadores rurais do Piauí iniciaram uma concentração, em Teresina. Eles fizeram uma caminhada até a sede do governo do estado. Uma comissão de trabalhadores estava reunida, até o início da tarde, com um representante do governo, de acordo com a direção da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Piauí (Fetagpi). Os agricultores querem medidas para amenizar os efeitos da seca.

Em Porto Alegre, os trabalhadores rurais começaram a concentração às 8h30. Eles caminharam até o Palácio do Piratini, sede do governo gaúcho. O governador Tarso Genro confirmou reunião no fim da tarde com os manifestantes para dar resposta à agenda estadual, com 44 itens.

O ato de mobilização da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Santa Catarina (Fetaesc) ocorre em frente à Assembleia Legislativa do estado. O governador Raimundo Colombo confirmou reunião à tarde com os agricultores. Entre as reivindicações estão a garantia do registro da terra dos agricultores sem averbação dos 20% de reserva permanente.

Em Campo Grande, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Mato Grosso do Sul (Fetagri-MS) promoveu um ato no dia 5 de maio, na Superintendência Regional do Incra, com a participação de cerca de 800 agricultores. Segundo a entidade, o Incra apresentou a proposta para destinar mais de 10 mil hectares para a reforma agrária até o final de junho.

Em Goiânia, cerca de 1,2 mil pessoas se mobilizaram na sede da Secretaria de Agricultura de Goiás reivindicando melhorias para os trabalhadores rurais do estado. Os representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg) foram recebidos pelo secretário de Agricultura. A mobilização vai continuar ao longo do dia em outros pontos da cidade.

Em Rondônia, uma comissão da Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia (Fetagro) entrega hoje a pauta de reivindicações ao governo do estado.

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